quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

(M) Amizade


Amizade

Marcelo estava voltando para casa, vindo da escola, quando percebeu que o garoto andando à sua frente tinha tropeçado deixando cair tudo: os livros que carregava, uma bola de futebol, e um pequeno aparelho de som. Marcelo ajoelhou-se e o ajudou a pegar os objetos que estavam espalhados pelo chão.
Como estavam indo para o mesmo lado, Marcelo ajudou a carregar uma parte dos objetos. Enquanto caminhavam Marcelo descobriu que o nome do garoto era Fábio, que adorava vídeo game, futebol e história, que tinha muita dificuldade com algumas matérias, e que tinha acabado de terminar com sua namorada.
Eles chegaram a casa de Fábio primeiro, e Marcelo foi convidado a entrar para tomar um suco e assistir um pouco de televisão. A tarde passou, agradavelmente, com algumas risadas e um papinho de vez em quando, até que Marcelo foi para casa.
Eles continuaram a se encontrar na escola, almoçavam juntos de vez em quando, e ficaram amigos durante anos até que se formaram. 
No dia da formatura, Fábio pediu a Marcelo para conversarem e lembrou do dia, anos atrás, quando se conheceram.
Fábio perguntou:
- Você nunca teve a curiosidade de saber por que eu estava carregando tantas coisas para a minha casa naquele dia? Eu estava limpando o meu armário na escola porque não queria deixá-lo bagunçado para a próxima pessoa que o fosse usar. Naquele dia, eu tinha escondido alguns dos calmantes da minha mãe e estava indo para casa para cometer suicídio. Mas depois de termos passado aquela tarde juntos, conversando e rindo, percebi que se eu tivesse me matado, teria perdido aquele momento e tantos outros que estariam por vir. Marcelo, quando você me ajudou a pegar aqueles livros do chão, você fez muito mais do que somente me ajudar. Você salvou a minha vida.
Cada pequeno "olá", cada pequeno sorriso, cada pequena ajuda é capaz de salvar um coração machucado.


Há um milagre chamado "Amizade".


Você não sabe como ela aconteceu ou quando começou, mas você percebe a alegria que ela nos proporciona.
Amigos são jóias preciosas, realmente. Eles nos fazem sorrir e nos encorajam para o sucesso.

(A) É Simples ser Feliz



por Maria Cristina Tanajura - tinatanajura@terra.com.br
Nada nos deixa mais felizes, quando passamos por algum momento de dor, como podermos olhar para o dia que amanhece colorido, saudado pelo canto dos pássaros, pelo orvalho que ilumina as pétalas das flores com nuances cristalinas, pela brisa que suaviza a atmosfera e deixa o ar mais fresco. É a força da Luz se instalando e vencendo as sombras da noite que se despede.

Esta harmonia curativa pode ser percebida numa árvore, numa paisagem qualquer, no olhar de quem nos ama, no sorriso de uma criança, nas nuvens que suavemente navegam no céu azul! Na pureza de tudo aquilo que É.

Em nosso mundo interior também existe a Sombra do medo, da tristeza, da desesperança, mas também o Sol do Amor, da esperança, da alegria real, da compaixão, do perdão e assim podemos nos treinar a cultivar em nossa tela mental, apenas aquilo que pode nos auxiliar e nos fortalecer.

Com todos os recursos que a tecnologia hoje nos proporciona, cabe a cada um sintonizar o que deseja conhecer, ir onde gostaria de estar, com quem desejaria conviver.

Existe um mundo de informações a serem vasculhadas! A internet nos propicia isto. Com ela, podemos voar com os anjos, ou viver nas cavernas escuras do desespero e da energia mais densa. Podemos escolher! Seremos responsáveis por isto e pagaremos o preço por cada decisão tomada.

Mudança é vida. À medida que vamos caminhando, os cenários vão se modificando, a depender de como estamos internamente. Ação e reação. O pensamento é uma força de atração poderosa que traz para a vida de cada um o alvo em que mirou.

A liberdade de escolha é nossa glória maior e também nossa pedra de tropeço, se usada indevidamente. Estejamos atentos para que não usemos, jamais, a nossa preciosa energia contra nós mesmos, pois infelizmente é isto que inconscientemente fazemos a maior parte do tempo. Viver presentes no agora nos livra de muitos desses males causados por um viver inconseqüente, automático, sem sentido.

Quando o caminho em frente ficar brumoso, pouco nítido, é melhor não andar. Parar e buscar ajuda através de uma prece verdadeira, pois certamente a resposta chegará, através de uma intuição, de um filme que resolvemos assistir, de um livro que apareceu para ser lido, da frase de um amigo que nos procurou. Quando recebemos a resposta, ficamos tranqüilos internamente e podemos continuar a caminhada.

O incômodo da dúvida é um sinal de alerta. Alguma coisa não vai bem e é preciso ser mudada. Só nós podemos fazer este ajuste e para isto é que o silêncio é necessário. A busca interior de uma orientação. Se confiarmos no nosso Guia amoroso, encontraremos o que precisamos.

É tudo muito simples, como a Natureza nos sinaliza. A complicação nós é que criamos, quando estamos envolvidos pela sombra da dúvida, do orgulho, da vaidade, querendo parecer melhor do que o outro, mais sábio, mais forte.

Na simplicidade está a nossa força e a sabedoria. Se uma situação se mostrar complicada, não precisaria sê-lo. Algo aí pode ser mudado, talvez tentando pensar de outra forma sobre os acontecimentos.

Se não formos como as criancinhas, não entraremos no Reino dos Céus, ensinou-nos o nosso Mestre Jesus. Presentes e entregues!

(E) Como fazer experiências com seu filho em casa‏ - EDUCAR PARA CRESCER

A CASA DA CIÊNCIAS

(E) EXPO Estude no Exterior

PENSE ALTO!
SONHE! QUE SEJA!
MAS NUNCA DESISTA!

EXPO Estude no Exterior

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

(V) Adele - Rolling In The Deep (Live on Letterman)

(V) Adele - Rolling In The Deep (Live on Letterman)

(V) Adele - Someone Like You

(V) Adele - Someone Like You

(V) Chris Brown - Turn Up The Music



O cara dança muito!

(V) Cyndi Lauper - Girls Just Want To Have Fun



SAUDADESSSSSSS DESSA ÉPOCA!

(Me) O limite de cada um

O garoto olhava as gotas de chuva que batiam suavemente na janela.

Embora seu olhar estivesse fixo, sua mãe podia perceber que seu pensamento estava muito longe dali.

Aproximou-se do pequeno e, afagando seus cabelos, perguntou com doçura:

"Algum problema, meu filho?"

O menino aconchegou-se à mãe e sussurrou baixinho:

"Nada, não."

Embora a resposta negasse, a atitude dele demonstrava que algo não ia bem.

A mãe conhecia muito bem o seu rebento.

Sabia que alguma coisa o incomodava.

Abraçou-o com carinho e esperou que ele mesmo começasse a falar.

O fato de estar disponível e atenta a ele era uma motivação para que ele se abrisse espontaneamente.

Não tardou para que ele ficasse um tanto inquieto naquele abraço e dissesse à mãe, sem levantar os olhos:

"Não quero participar da apresentação do teatro este ano."

A mãe pegou-o pela mão e, sentando-se, colocou o pequenino no seu colo.

"Por que, meu filho?"

Amuado, ele escondeu o rosto no ombro materno, evitando a resposta.

"Você não acha que vai ser legal?" - insistiu a mãe.

Balançando a cabeça timidamente, ele respondeu:

"Eu acho, mas é que um dos meus colegas disse que eu nunca vou conseguir decorar todas as falas."

A mãe estreitou o menino nos braços e disse com ternura:

"E você, meu filho?Você concorda com ele?Você acredita que não é capaz de decorar as falas?"

Seu tom de voz era sereno.

O menino levantou os olhos e encontrou os da mãe que o fitavam carinhosamente.

"Sabe, durante sua vida, muitas pessoas vão tentar convencê-lo a respeito do que você pode ou não pode fazer.Tentarão fazer acreditar que elas sabem mais de você do que você mesmo.

Dirão muitas coisas legais, e outras muito chatas.Na maior parte das vezes, essas pessoas poderão estar fazendo isso por inveja, por ciúme, ou por simples ignorância.

Elas não têm como saber tudo, nem como conhecer tanto os outros.Muitos apenas falam por falar, ou para magoar.O importante, meu filho, é que você tenha a capacidade de não se influenciar por essas palavras.

Se elas são certas, ou não, somente você poderá dizer.O seu limite apenas você é capaz de estabelecer.

Você, somente você, pode dizer aonde seu trabalho e seu esforço poderão lhe fazer chegar."

Os olhos do garoto estavam cheios de lágrimas, emocionado pela confiança que foi transmitida.

Beijou suavemente o rosto da mãe e agradeceu sorrindo pela mensagem que haveria de ficar para sempre gravada em seu coração.

A mídia nos indica os padrões em voga.

Ídolos passageiros ditam modas e jargões.

Todos, de repente, consideram-se legitimados a julgar os outros e apontar os seus destinos.

No entanto, segue essa onda desatinada apenas quem quer.

Quem não se dá ao trabalho de refletir e de manter-se firme em suas convicções pode ser arrastado por essas sandices.

Mas esse não é o caso de quem conhece a si mesmo e traça seus próprios objetivos.

Esses últimos estabelecem seus próprios limites e perseguem seus sonhos com garra e determinação.

Suas fragilidades poderão ser motivo de mais empenho e dedicação, mas nunca serão fatores impeditivos impostos por terceiros.

Cada qual é responsável por seus próprios erros e acertos.

É nisso que reside o mérito de cada ser.

(Me) Em nome dos direitos humanos

Ela era uma mulher pobre e analfabeta, num país onde as mulheres não têm direitos.

Tratadas como moeda de troca ou compensação de qualquer prejuízo, elas são negociadas pelos pais.

Podem ser entregues ainda crianças para casamentos arranjados, que objetivam acalmar ânimos exaltados, em desacertos tribais.

Não podem escolher o homem com quem se desejam casar e, se afrontarem tal regra, pagam com a vida a desonra que atraem para a própria família.

Mukhtar vivia em sua aldeia e era respeitada porque, embora analfabeta, decorara o Corão e o ensinava às crianças, de forma gratuita.

Também auxiliava a renda familiar ensinando bordados a outras mulheres.

Cedo aprendera que no Punjab a mulher não tem o direito de escolhas ou de sonhos.

Um dia, ela foi levada até à tribo vizinha, considerada de casta superior, por seu pai e seu tio, a fim de pedir perdão, em nome da família.

É que seu irmão, de apenas 12 anos, fora acusado de ter falado com uma jovem daquela tribo, desonrando-a.

O que se seguiu foi que o Conselho da tribo decidiu que Mukhtar deveria, a titulo de reparação, ser entregue aos homens do clã ofendido.

Ela foi agredida sexualmente por vários deles. Se nos primeiros dias após o ocorrido, ela desejou a morte, na sequência, resolveu lutar pelos seus direitos.

A atitude corajosa daquela jovem ferida e humilhada ocasionou um início de revolução quanto à situação da mulher em seu país.

Seu caso ganhou o noticiário internacional e ela foi convidada a se fazer presente em conferências, em vários lugares do Mundo.

Com risco de sua própria vida e da de seus familiares, Mukhtar lutou por justiça.

Mas não somente para si. Para todas as mulheres que todos os dias têm seus direitos usurpados, feridos.

E, como reconheceu que houve muitos entraves no desenrolar do seu processo judicial, por ela não saber ler, nem escrever, tomou uma séria decisão.

Fundou uma escola para meninas. Com recursos do Estado e de outros países, ela conseguiu.

Se para construir a escola, ela teve o apoio internacional, para conseguir convencer os pais das meninas a deixá-las estudar, foi luta mais árdua.

Foi de porta em porta e, com o tempo, mais de duas centenas de meninas passaram a frequentar a escola.

Para assegurar a frequência, ela estabeleceu um prêmio por assiduidade.

Um prêmio que interessava às famílias: uma cabra para as meninas, uma bicicleta para os meninos.

Assegurar um futuro diferente para aquelas garotas, permitindo-lhes ter acesso ao conhecimento das leis, de seus direitos é o objetivo pelo qual trabalha.

Passou a ser conhecida, em seu país, como a grande irmã que deve ser respeitada, Mukhtar Mai.

Ela ainda sangra em sua alma ao recordar os anos de luta que teve que enfrentar, as calúnias que foram levantadas contra si.

Mas olha confiante o futuro, na certeza de que, se puder evitar que aconteça o que lhe aconteceu a outras meninas, adolescentes e mulheres adultas, terá valido a pena.

Mukhtar Mai, uma mulher de coragem lutando por direitos humanos.

Uma bandeira de estoicismo e bravura, que transformou a própria dor em luta pelos direitos das mulheres.

(Me) Invisíveis, mas não ausentes

Quando morreu, no século XIX, Victor Hugo arrastou nada menos que dois milhões de acompanhantes em seu cortejo fúnebre, em plena Paris.

Lutador das causas sociais, defensor dos oprimidos, divulgador do ensino e da educação, o genial literato deixou textos inéditos que, por sua vontade, somente foram publicados após a sua morte.

Um deles fala exatamente do homem e da imortalidade e se traduz mais ou menos nas seguintes palavras:

A morte não é o fim de tudo. Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra. Na morte o homem acaba, e a alma começa.

Que digam esses que atravessam a hora fúnebre, a última alegria, a primeira do luto. Digam se não é verdade que ainda há ali alguém, e que não acabou tudo?

Eu sou uma alma. Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu eu, o meu ser. O que constitui o meu eu, irá além.

O homem é um prisioneiro. O prisioneiro escala penosamente os muros da sua masmorra, coloca o pé em todas as saliências e sobe até ao respiradouro.

Aí, olha, distingue ao longe a campina, aspira o ar livre, vê a luz.

Assim é o homem. O prisioneiro não duvida que encontrará a claridade do dia, a liberdade. Como pode o homem duvidar se vai encontrar a eternidade à sua saída?

Por que não possuirá ele um corpo sutil, etéreo, de que o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro?

A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é deste mundo. É por demais pesado para esta Terra.

O mundo luminoso é o mundo invisível. O mundo do luminoso é o que não vemos. Os nossos olhos carnais só vêem a noite.

A morte é uma mudança de vestimenta. A alma, que estava vestida de sombra, vai ser vestida de luz.

Na morte o homem fica sendo imortal. A vida é o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a Terra, pelo peso que faz nela.

A morte é uma continuação. Para além das sombras, estende-se o brilho da eternidade.

As almas passam de uma esfera para outra, tornam-se cada vez mais luz, aproximam-se cada vez mais e mais de Deus.

O ponto de reunião é no infinito.

Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem.

Aquele que é vivo e morre, desperta e vê que é Espírito.

* * *

Muitos consideram que a morte de uma pessoa amada é verdadeira desgraça, quando, em verdade, morrer não é finar-se nem consumir-se, mas libertar-se.

Assim, diante dos que partiram na direção da morte, assuma o compromisso de preparar-se para o reencontro com eles na vida espiritual.

Prossiga em sua jornada na Terra sem adiar as realizações superiores que lhe competem, pois elas serão valiosas, quando você fizer a grande viagem, rumo à madrugada clarificadora da eternidade.

(Me) Sabedoria de mendigo

Era uma vez uma cidade muito gelada, como gelada também era a relação, ou melhor, a falta de relação entre os seus moradores.

Pessoas rabugentas que só sabiam reclamar umas das outras e da situação, viviam isoladas cada qual em sua própria casa, indiferentes para com os que não possuíam um teto para se abrigar do frio.

Um dia, passou por aquele lugarejo um mendigo.

Sofrendo com os açoites do vento e com a fome que lhe castigava o estômago, ele ousou bater na porta de uma daquelas casas, em cujo interior viviam as pessoas que sempre estavam de mal com a vida...

Assim que a porta se abriu, uma voz rouquenha ecoou pelos ares, espantando o pobre pedinte, que pensou muito antes de bater na próxima casa.

Mas o atendimento não foi diferente... Mais gritos e xingamentos o fizeram sair em disparada.

O mendigo sentou-se desanimado num velho e sujo banco, e ficou por alguns minutos mastigando um pedaço de pão ressecado que havia catado na lixeira.

Quando se levantou para seguir seu caminho, em busca de uma cidade mais acolhedora, percebeu que havia uma porta entreaberta... Era a porta do templo que se abria e fechava com o movimento do vento...

Meio desconfiado, ele foi entrando devagarzinho...

Encontrou o guardião do templo, Sr. Chamas, e seu ajudante, igualmente "congelado" pela mesmice que dominava aquela cidade cinzenta e fria...

Olá!, falou, sem que ninguém lhe desse ouvidos.

Limpou a garganta provocando um ruído forçado, tentando obter alguma atenção... Em vão.

Aproximou-se, então, do Sr. Chamas, que pensava em como conseguir algo para comer, naquela cidade onde ninguém compartilhava nada com ninguém, e falou bem alto:

Que pena que não poderei fazer aquela sopa quentinha, para espantar o frio e matar a fome...!

Sopa!?, falou interessado o velho guardião.

Sim, eu sei fazer uma deliciosa sopa de botão de osso, mas são necessários seis botões, e tenho apenas cinco...

Eu não tenho nenhum botão de osso, resmungou o Sr. Chamas.

Mas o alfaiate poderá nos ajudar, interveio o ajudante animado...

Jamais pedirei alguma coisa àquele velho babão e rabugento, resmungou.

Mas, a vontade de tomar uma sopa quentinha o fez mudar de idéia... E lá se foi ele, seguido pelo seu fiel ajudante, em busca de um botão de osso para o mendigo fazer a prometida sopa com os botões milagrosos...

O Sr. Mendel, não menos rabugento, foi atender a porta com visível má vontade, já que ambos viviam de brigas o tempo todo. Mas a fome do Sr. Chamas era maior que o seu orgulho e por isso ele falou calmamente ao seu companheiro de encrencas: precisamos de um botão de osso.

O alfaiate ia dizer que não tinha botão algum, quando ouviu a palavra mágica "sopa" e interessou-se pelo assunto. Foi buscar um botão... Mas impôs uma condição: iria junto para ver o "milagre".

Ah, o mendigo havia pedido também uma colher de pau, uma panela grande, uma faca, e outras coisinhas mais...

E assim o Sr. Chamas, seu ajudante, o alfaiate e sua sobrinha saíram pelas ruas, batendo de porta em porta para pedir os utensílios necessários para se fazer a sopa de botão de osso.

Uma a uma as pessoas iam se juntando até que tudo havia sido providenciado.

Mas o mendigo, que era muito esperto, disse que a sopa já estava boa, e poderia ficar ainda melhor se alguém trouxesse um pouco de cenoura, repolho, sal, pimenta, alho, e outros ingredientes...

As pessoas se lembravam que tinham alguma coisa em suas despensas... E mais e mais coisas foram surgindo...

A sopa ficou pronta e todos tomaram até se fartar.

Surgiu até alguém para tocar e o povo dançou, e dançou, a noite toda.

No dia seguinte, não faltaram portas se abrindo para o mendigo se abrigar do frio.

Mas como o mendigo tinha que seguir o seu caminho de mendigo... despediu-se e se foi... não sem antes deixar os botões "milagrosos" para que aquela população pudesse continuar fazendo a sopa.

Muito tempo se passou... Os botões foram se perdendo, um a um...

Mas aquele povo já havia descoberto que o verdadeiro milagre não estava nos botões, e sim na solidariedade que agora reinava em todos os corações que passaram a se ajudar mutuamente.

(A) A importância do superego na redução da criminalidade.

Prof. Chafic Jbeili - Psicanalista e psicopedagogo - www.unicead.com.br

Estive pensando sobre os aforismos que utilizamos ao expressar a necessidade de determinar limites às crianças para que sejam educadas enquanto seres sociais, conforme expectativas de pais e da sociedade. Encontrei muitas frases eloquentes sobre o assunto, mas muitos adágios são meras abreviações simplistas de reflexões mais complexas, sem qualquer efeito prático imediato mais significativo na educação da garotada. Frases prontas são muito pouco capazes de estimular comportamento mais virtuoso em quem as lê ou as ouve e são tão inúteis na educação de crianças quanto um casulo vazio se torna para as esvoaçantes e agitadas borboletas.

Frases como “eduquem as crianças para que não seja preciso punir os homens” não têm qualquer serventia didática para pais que mal entendem seus papéis na família, muito menos explica o que se quis dizer com “educar” sem que haja um contexto específico como pano de fundo. Duas ou mais pessoas que resolverem interpretar o que significa “educar” já será o suficiente para embaralhar ainda mais aquilo que já anda tão atrapalhado na cabeça de pais, educadores, legisladores, governantes e juízes.

Cada instância da sociedade entende e sabe para si somente o significado de “educar”. O conceito de educar para a família pode não atender as necessidades de educar de outra família, da escola, da igreja ou do Estado, sendo inútil generalizar o que seja educar para todos esses importantes grupos. Cada tentativa de explicação demanda ações personalizadas e diferenciadas para o ato de educar um filho, um aluno, um clérigo, um colaborador ou um cidadão para que se comporte dignamente em diferentes grupos sociais.

Cada grupo, a começar da família, deveria educar seus membros para o convívio harmonioso entre si e prepará-los para o convívio produtivo com os demais grupos que ingressará ao longo da vida, ajudando-se mutuamente na complexa tarefa de formar pessoas de bem para o bem das pessoas. Isso sim seria desenvolver humanidade em animais racionais para que as “coisinhas lindas da mamãe” não se tornem “bestas sociopatas”.

Frases prontas como a que citei em parágrafo anterior não explica o ato de educar, tornando-se exclusivamente eufemismo da seguinte mensagem subliminar: “se o seu filho for punido um dia é porque você não soube educá-lo” ou “se seu aluno não for nada na vida é porque você não soube ensinar como convém”. Não se deve dizer isso para ninguém, pois a culpabilização de um grupo acaba eximindo outros grupos sociais da responsabilidade conjunta no desenvolvimento integral da pessoa.

Cada grupo tem sua ênfase sobre a educação integral do sujeito social sem, contudo, eximi-lo da própria parte que lhe cabe nesse difuso processo. Quando um grupo falha os demais grupos perdem qualidade na interação de seus membros. Quando a família falha acaba sobrecarregando a escola; e se a escola sobrecarregada falhar, então a sociedade poderá ganhar marginais, delinquentes, homicidas e toda sorte de bandidos que a igreja tentará converter e o Estado, sem qualquer sucesso, tentará prender e “resocializar” utilizando-se de jaulas administradas por sistema prisional corruptível e malévolo. Até pandas e tigres de bengala conseguem em zoológicos ambientes propícios à sua readaptação e usufrui de meios dignos de subsistência.

De quem é a culpa? Se for aflorar sentimento de culpa em alguém, então esteja apto a deslocar tal sentimento para atividades produtivas, geradoras de mudança positiva de comportamento. Troque a intenção de conceituar com frases prontas aquilo que é tão personalíssimo quanto indescritível, como é de fato o ato de educar, e opte por sugerir ações práticas mais eficazes como, por exemplo, a formação e desenvolvimento do superego saudável nas crianças. Pelo menos, sabe-se que o sujeito disciplinado e obediente aprende melhor e vive mais... (continua no site UNICEAD, menu "Artigos")

(Me) O Guerreiro e o Mestre

 
Certo dia, um guerreiro muito orgulhoso, veio ver seu Mestre. Embora fosse muito famoso, ao olhar o Mestre, sua beleza e o encanto daquele momento, o guerreiro sentiu-se repentinamente inferior.
Ele então disse ao Mestre:
-Porque estou me sentindo inferior? Apenas um momento atrás, tudo estava bem. Quando aqui entrei, subitamente me senti inferior e jamais me sentira assim antes. Encarei a morte muitas vezes, mas nunca experimentei medo algum. Porque estou me sentindo assustado agora?
O Mestre falou:
-Espere. Quando todos tiverem partido, responderei.
Durante todo o dia, pessoas chegavam para ver o Mestre, e o guerreiro estava ficando mais e mais cansado de esperar. Ao anoitecer, quando o quarto estava vazio, o guerreiro perguntou novamente:
-Agora você pode me responder porque me sinto inferior?
O Mestre o levou para fora. Era uma noite de lua cheia e a lua estava justamente surgindo no horizonte.
Ele disse:
-Olhe para estas duas árvores: a árvore alta e a árvore pequena ao seu lado. Ambas estiveram juntas ao lado de minha janela durante anos e nunca houve problema algum. A árvore menor jamais disse à maior: "Porque me sinto inferior diante de você?" Esta árvore é pequena e aquela é grande - este é o fato, e nunca ouvi sussurro algum sobre isso.
O guerreiro então argumentou:
- Isto se dá porque elas não podem se comparar.
E o Mestre replicou:
-Então não precisa me perguntar. Você sabe a resposta. Quando você não compara, toda a inferioridade e superioridade desaparecem. Você é o que é e simplesmente existe. Um pequeno arbusto ou uma grande e alta árvore, não importa, você é você mesmo. Uma folhinha da relva é tão necessária quanto a maior das estrelas. Simplesmente olhe à sua volta. Tudo é necessário e tudo se encaixa. É uma unidade orgânica: ninguém é mais alto ou mais baixo, ninguém é superior ou inferior. Cada um é incomparavelmente único.

(Me) Atitude cristã

A imensa maioria das pessoas sabe que Jesus sintetizou na prática do amor todos os deveres dos homens.

Ele afirmou que no amor a Deus e ao próximo estão contidas todas as Leis Divinas.

Assim, quem se afirma cristão, para ser coerente com sua fé, necessita amar a Deus e ao próximo.

Relativamente ao amor ao próximo, há um complicador, pois ele simboliza o conjunto das criaturas humanas.

Não se trata apenas da namorada, do irmão ou do amigo querido, mas de todo ser humano, incluindo os inimigos.

Mesmo os corruptos e os criminosos estão incluídos no conceito de próximo, de semelhante.

Surge então a dúvida: não é possível distinguir entre pessoas queridas e completamente desconhecidas?

Para cumprir a Lei de amor é necessário sentir carinho por quem rouba meu carro ou me machuca?

No âmbito da legislação humana, sabe-se que uma lei não pode impor deveres muito artificiais.

Se uma determinação for muito difícil de ser cumprida, nunca será eficaz.

Por exemplo, um limite de velocidade de 5 km por hora jamais será respeitado.

Esse limite é muito artificial e impossível de ser cumprido.

Não importa a sanção que se aplique, as pessoas o burlarão tanto quanto possível.

Certamente Deus não é menos sábio do que o legislador humano.

A amizade é uma questão de afinidade de almas, somente possível entre iguais.

O afeto costuma originar-se de similitude de valores e de gostos.

Não é possível gostar do mesmo modo de um amigo e de um cruel criminoso.

Então, amar, no contexto das Leis Divinas, não implica necessariamente sentir afeto e externar ternura.

Em relação a desconhecidos ou desafetos, o amor é principalmente uma questão de atitude, de respeito.

O cumprimento da lei de amor pressupõe que o homem se coloque mentalmente no lugar do próximo.

E imagine como gostaria de ser tratado, se estivesse no lugar dele.

Identificado esse desejo, ele deve agir desse modo.

Amar o próximo é tratá-lo como eu gostaria de ser tratado se fosse ele.

Como sempre quero o melhor para mim, tenho o dever de dar ao próximo o melhor tratamento possível.

Talvez eu ainda não consiga gostar dele.

Mas sempre devo tratá-lo com correção e generosidade.

Trata-se do amor como uma atitude.

Não é necessário ser santo para amar os inimigos e os malfeitores.

Basta ter o firme propósito de viver como cristão.

O amor é uma proposta de vida, um compromisso com a própria consciência.

No fundo é algo simples e com profundo potencial transformador da sociedade.

Se cada homem adotar o hábito de imaginar-se no lugar do outro antes de agir ou falar, certamente o padrão de relacionamento humano melhorará muito.

Não importa se o próximo é mesquinho, viciado ou corrupto.

Não se trata de gostar ou não, mas de agir corretamente.

Isso não implica um viver irreal, no qual não se tome cuidado com os indivíduos perigosos.

É preciso ser manso como as pombas e prudente como as serpentes, conforme o dizer de Jesus.

É necessário perceber o mal onde ele existe, para viabilizar a defesa.

Mas não valorizar o mal na pessoa do próximo e nem desprezá-lo por suas falhas.

Ajudá-lo a recuperar-se, sempre tendo em mente o próprio desejo de auxílio, caso o corrupto ou o viciado fosse eu.

Pense nisso.

(Me) Fácil é... Difícil é...

 
Reverência ao Destino...
Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.Difícil é expressar por atitudes e gestos o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.
Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.
Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.
Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.
Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais.
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.Difícil é mentir para o nosso coração.
Fácil é ver o que queremos enxergar.Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.
Fácil é dizer: Oi ou como vai?Difícil é dizer: Adeus! Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...
Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é querer ser amado.Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.
Fácil é ouvir a música que toca.Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.
Fácil é ditar regras.Difícil é seguí-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.
Fácil é perguntar o que deseja saber.Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.
Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.
Fácil é dar um beijo.Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.
Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.Difícil é entender que somente uma vai te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.
Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.
Fácil é sonhar todas as noites.Difícil é lutar por um sonho.
Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.
Autoria: Carlos Drummond de Andrade

(A) Perfil de borboleta.

Prof. Chafic Jbeili – www.UNICEAD.com.br

Peço licença aos entomólogos para ousar escrever um pouquinho sobre o perfil de um dos mais fantásticos e atraentes insetos que conheço e gosto observar na natureza: A borboleta. Elas são coloridas, alegres, de vôo suave, delicadas, atraentes aos olhos e de vida efêmera. É uma verdadeira terapia observar o vôo das borboletas e ocupar-se entender a geometria dos desenhos e cores em suas cintilantes asas.

Apesar de sua beleza, as borboletas não têm condições saber para onde vão. Elas se orientam pelo campo magnético da Terra ou mesmo pelo sol. Algumas espécies podem detectar odores em árvores e assim norteiam seu rumo incerto, ou pelo menos desconhecido por ela.

As borboletas só sabem o seu local de destino quando chegam lá. Por isso, as borboletas não perdem tempo, abrem suas lindas e majestosas asas brindando-nos com pinturas dignas dos melhores artistas e voam freneticamente sem saber ao certo o que estão fazendo. Embora importantes polinizadoras e preservadoras da flora e fauna sua breve existência não passa de mero impulso de vida absolutamente inconsciente!

Em locais onde há maior intensidade magnética é possível observar várias borboletas voando juntas, em círculo, pois de tão sensíveis que são, perdem o foco de sua meta ante a mínima variação atmosférica. Desta forma, elas podem passar o resto de suas quatro a nove semanas de vida, simplesmente voando em círculos.

O foco das borboletas é determinado pelo acaso. Elas provavelmente inspiraram o autor daquela música que diz: “deixa a vida me levar...”. Isso é a cara das borboletas. Qualquer variação de vento, calor, umidade ou energia magnética da Terra pode facilmente subverter as borboletas de seu desconhecido objetivo.

Dias desses entrei em uma loja para comprar uma gravata. As atendentes estavam alegres, roupas coloridas e esvoaçantes. Ora elas voavam para a vitrine, ora voavam pelo balcão exibindo sempre as cores de suas asas vestuais. Descobri então que uma revista de moda era o local com maior campo magnético, pois lá havia várias borboletas humanas voando em círculo, sem destino certo. Enquanto isso eu aguardava admirado o cessar daquele espetáculo para poder comprar o complemento do terno, mas quem disse que borboletas param?

Então percebi que, apesar de espetacular, o admirável perfil de borboleta não convém a todas as pessoas e em todas as ocasiões, em especial quando se tem metas e objetivos a cumprir na vida.

Cada pessoa precisa ter bem consciente os seus desígnios, estabelecer metas e elaborar uma estratégia para efetivá-las. Manter o foco nesta estratégia é essencial para a consecução daquilo que se pretende conquistar na vida, no trabalho ou mesmo na sala de aula. Pessoas e profissionais não podem deixar a vida levar-lhes sem rumo certo. Isso combina com borboletas, mas não com pessoas determinadas, que sabem o que querem da vida e tem pelo menos uma noção onde querem chegar nos próximos cinco, dez, ou vinte anos.

Ao contrário das borboletas, seres humanos podem viver até 100 anos! Então, concentre-se em seus objetivos pessoais, profissionais ou escolares. Escreva e cole em locais visíveis bilhetes com trechos de suas metas e algumas dicas para alcançá-las. Incremente esses auto-bilhetes com frases e idéias que lhe motivem a concentração em seus objetivos. Resista ao campo magnético, seja ele qual for, que eventualmente possa fazer você desviar-se de seu destino, pois voar em círculos é altamente improdutivo para seres humanos.

O revoar das borboletas é um lindo e estonteante espetáculo para se assistir. Quase terapêutico eu diria. Acontece que o perfil de borboleta não combina com pessoas que tem metas e objetivos a cumprir na vida, no local de trabalho ou na escola.

Eu fiquei encantado com a alegria e beleza daquelas borboletas humanas na loja de gravatas, mas saí sem comprar o que eu precisava e, naquele dia, uma daquelas vendedoras ficou com uma venda a menos em sua meta diária. De gravata em gravata não vendida a vendedora atrasa realizar seus sonhos. Pense nisso!

(Me) Quando fala o amor

Meg não chorou quando o médico lhe disse que Kristi, sua filha de dois anos, era portadora de uma deficiência mental.

Ela vinha suspeitando há algum tempo, mas teimava não aceitar.

Não chorou naquele momento, nem nos meses que se seguiram.

Quando Kristi tinha idade para ir à escola, Meg a matriculou no jardim de infância do colégio do seu bairro.

Ela estava com 7 anos.

Meg ficou na escola, naquele primeiro dia, vendo sua Kristi numa sala cheia de crianças de 5 anos de idade.

E viu sua filha passar horas e horas brincando sozinha, uma criança "diferente" entre outras 20.

Mas nenhuma lágrima saiu de seus olhos.

Com o tempo, algumas coisas positivas começaram a acontecer entre Kristi e seus colegas de escola.

Quando eles se vangloriavam de suas proezas, sempre tinham o cuidado de também a elogiar.

"Kristi escreveu todas as palavras certas, hoje" - diziam. Ninguém mencionava que os exercícios dela eram muito mais fáceis do que os dos outros.

Os avanços de Kristi eram registrados pela turma, com entusiasmo.

Foi no segundo ano na escola que Kristi precisou enfrentar sua experiência mais desafiante. O grande evento do final do ano era uma competição em atividades de educação física.

Kristi estava muito atrás da turma em coordenação motora. No dia do evento, ela fingiu estar doente.

Meg quase teve vontade de deixá-la em casa. Mas, consciente da importância da filha vencer o medo, a colocou no ônibus da escola.

Depois, foi assistir a competição. Sentada no meio dos outros pais, sentia seu coração bater forte.

Quando chegou a vez de Kristi, Meg entendeu o que a preocupava. A classe estava dividida em times de revezamento. Com suas reações lentas e hesitantes, Kristi iria, com certeza, prejudicar o seu time.

A apresentação foi correndo bem, até chegar a hora da corrida de sacos. Cada criança tinha que entrar em um saco na linha de partida, pular até à linha de chegada, fazer o caminho de volta e sair do saco.

Meg observou a filha de pé, perto do fim da sua fila. Estava visivelmente assustada.

Entretanto, quando se aproximou o momento de Kristi participar da corrida, algo inesperado aconteceu. Uma troca de lugares, em seu time.

O menino mais alto da fila foi para trás de Kristi e a segurou pela cintura. Dois outros meninos ficaram um pouco à frente.

Quando chegou a vez dela, aqueles dois meninos pegaram o saco vazio e o abriram. O menino mais alto suspendeu Kristi e a colocou suavemente dentro do saco.

Uma menina à frente de Kristi a pegou pela mão e a sustentou brevemente, até perceber que ela recuperara o equilíbrio.

E, então, lá se foi ela, pulando, sorridente e orgulhosa.

Em meio às aclamações dos professores, os gritos dos colegas e pais dos alunos, Meg se afastou lentamente.

Agradeceu a Deus por aquelas pessoas calorosas e compreensivas que tinham tornado possível para sua filha deficiente agir como os seus semelhantes.

E, de emoção, pura emoção, Meg finalmente chorou.

***

O amor não se deixa impressionar pela aparência física ou pelos atributos pessoais de outrem.

Desdobra-se na convivência com as pessoas, jamais diminuindo de intensidade, multiplicando-se largamente em todas as direções.

A chama do amor nunca se apaga, porque nunca se consome. Ela se auto-sustenta com o combustível da alegria em que se expressa.

Envolvente, é suave como um amanhecer e poderoso como a força da própria vida.

(Me) A missão de cada um

Invadiu-me certa vez uma inexorável perplexidade acerca do sentido da vida.

Decidi, então, peregrinar por este mundo em fora, para decifrar tão profundo enigma.

A todos os seres que encontrava propunha a questão.

À frondosa árvore, enraizada no centro de grande praça, supliquei que me revelasse sua verdadeira missão.

Explanou-me ela:

"Em primeiro lugar, devo manter-me viva, forte, saudável, para melhor poder cumprir meu papel.

Em segundo, descobrir exatamente qual seja este papel.

E, por fim, desempenhá-lo diligentemente.

A mim cabe proteger os peregrinos que por aqui passam, nos tórridos dias de verão, ofertando-lhes minha generosa sombra."

Segui adiante e deparei-me com um belo gato siamês.

Segredou-me ele que sua missão consistia em fazer companhia a uma velha senhora, ofertando a ela todo seu encanto e ternura.

Por muitos e muitos dias, por escabrosas veredas, feri meus pés à procura de respostas à pungente dúvida.

O esforço foi sobejamente recompensado. Mas eu sentia que era preciso ainda ouvir uma sábia opinião de um representante do gênero humano.

Finalmente, após fatigante busca, no alto de um outeiro, encontrei um sábio anacoreta, longas barbas brancas, olhar perdido no horizonte, a meditar...

Acolheu-me amavelmente. Após ouvir, todo paciência e atenção, meu relato e minhas súplicas, sentenciou gravemente:

"Meu prezado buscador. Os sábios seres da natureza propiciaram a ti as respostas.

Já és possuidor do inefável segredo. Não obstante, mais posso aduzir:

Caso descobrires que és uma árvore, sejas realmente uma árvore; se fores um gatinho, não te constranjas em ofertar toda tua meiguice; e se um leão, coloca sempre toda tua energia em tudo que fizeres.

Enfim, é preciso descobrir teus verdadeiros talentos, aprimorá-los, produzir os melhores frutos, e então, ofertá-los generosamente."

* * *

Ninguém habita este planeta sem objetivo, sem finalidade maior.

Aquele que cultiva a terra realiza uma missão. Como aquele que governa ou que instrui.

tudo se encadeia na natureza. Ao mesmo tempo que o Espírito se depura pela encarnação, concorre, dessa forma, para a realização dos desígnios da Providência.

Cada um tem sua missão na Terra. Cada um pode ser útil para alguma coisa.

Desta forma, buscadores que somos, o que devemos encontrar é a nós mesmos, descobrindo depois no que podemos ser úteis.

Que habilidade temos? Quais são nossos talentos? O que podemos fazer pela comunidade ao nosso redor?

É tempo de descoberta e de ação. Cada dia na Terra é oportunidade única que não pode mais ser desperdiçada com as distrações e ilusões que criamos ao longo das eras.

(A) Ser professor...

Prof. Chafic Jbeili – 11/07/2011 - www.UNICEAD.com.br

Ser professor pode não dar ibope; pode não gerar fortuna; pode não atrair holofotes para quem espera fama, poder e destaque social.
Ser professor pode não ser sacerdócio; pode não ser missão de vida; pode não ser a profissão ideal para quem almeja viver com abastância, conforto ou da caridade e reconhecimento alheios.
Ser professor pode não ser a melhor vocação, o melhor ofício ou a melhor escolha para o futuro de alguém para quem insiste dedicadamente compartilhar conhecimentos e experiências com quem nada ou pouco sabe do que precisa para mudar sua própria vida.

Ser professor pode não ser a melhor carreira do setor público para quem acredita que um dia haverá seriedade, pertinência e honestidade na gestão dos recursos humanos e materiais que estão ao dispor da República.

Ser professor não é falta de opção ou mera escolha pessoal com base em avaliações supérfluas de valor da mensalidade da graduação, status social, salário ou pretensão de domínio de massas. Ser professor é um chamado da vida para transformação social dos indivíduos e evolução da espécie.

Ser professor é atitude sublime em aceitação vicária. Faz-se por quase nada em troca, mas com especial atenção e dedicação pelo sujeito estranho aquilo que quase ninguém, talvez nem a própria família, a não ser o próprio professor, faria. Recebe-se muito pouco ou quase nada pelo muito que se faz sem sequer ser notado daquilo que foi feito.

Ser professor é ser como o combatente em terras inimigas, sob o fogo cruzado das famílias desestruturadas enquanto se tenta resgatar para o futuro alguns de seus desorientados, impetulantes e irreverentes membros.

Ser professor é combater nas terras áridas da ignorância sem as provisões necessárias, sem apoio tático, mas com a certeza de que apesar dos pesares alguém precisa fazer algo de significante para mudar a vida das pessoas ao invés de em vão simplesmente expectar e reclamar.
Ser professor é surpreender-se com o carinho de algumas poucas e raras almas sublimes que reconhecem o valor da educação e que com bons olhos conseguem enxergar o objetivo da mediação didática efetivado pelo mestre.

Ser professor não é vangloriar-se nas muitas conquistas da árdua tarefa, nem aceitar calado as condições precárias da Educação. Ser professor não é, pelo que parece, sacrifício de muitos, mas com infalível certeza honorável privilégio de poucos!

(Me) Estar a caminho

Foi em uma manhã gelada de domingo, perto das seis horas que, em junho de 1984, Amyr Klink foi oficialmente autorizado a deixar um porto da Namíbia, com destino ao Brasil.

Depois de mais de dois anos de trabalho incessante e muitas dificuldades, ele estava pronto para começar a travessia do Atlântico Sul, remando.

Era um projeto audacioso e muito, muito bem planejado.

Tudo havia sido cuidadosamente estudado e escolhido: a rota, o local de partida, a estrutura e o material do barco, a época do ano em que seria mais viável tal travessia ...

Muitos detalhes, muito trabalho e muitas pessoas dizendo que aquilo não daria certo.

Havia também aqueles que o ajudaram e que o incentivaram.

Porém, no fundo, a responsabilidade e os riscos reais por tal empreitada eram apenas dele, um homem obstinado a alcançar seu objetivo.

Por isso, quando Amyr se viu sozinho no seu pequeno barco, naquela manhã fria, tentando deixar a África para trás, sentiu-se imensamente feliz.

Apesar do medo que o deixava mais branco do que a espuma das ondas, ele estava realmente satisfeito.

Sobre isso ele narra no livro Cem dias entre céu e mar o seguinte:

Era preciso vencer o medo; e o grande medo, meu maior medo na viagem, eu venci ali, naquele mesmo instante, em meio à desordem dos elementos e à bagunça daquela situação.

Era o medo de nunca partir.

Sem dúvida, este foi o maior risco que corri: não partir. (...)

Confiava por completo em meu projeto e não estava disposto a me lançar em cegas aventuras.

Mas não poder pelo menos tentar teria sido muito triste. (...)

Pelo simples fato de estar ali onde estava, debatendo-me entre os remos, xingando as ondas e maldizendo a sorte, me sentia profundamente aliviado.

Feliz por ter partido.

* * *

Mais importante do que ter sucesso nos projetos que traçamos é buscar realizá-los de forma consciente e efetiva.

É necessário traçar as rotas que desejamos seguir, avaliar os riscos e planejar nossas ações.

Não podemos esquecer de examinar com honestidade nossa motivação e os resultados que poderemos obter diante de nossa empreitada.

Afinal, o que queremos fazer?

Aonde queremos chegar?

Para que todo esse esforço?

Para quem?

Se nossos projetos são legítimos, úteis e viáveis, devemos nos lançar em busca da realização dos mesmos.

Sem esmorecer, sem nos deixar naufragar diante das dificuldades e do cansaço.

Tudo que se busca na vida exige esforço e dedicação.

Vitórias que se obtêm sem mérito não satisfazem nossos exigentes corações e nossas incorruptíveis consciências.

Porém, não se pode esquecer que mesmo as jornadas mais longas e duras exigem que se dê o primeiro passo.

Projetos que não saem da mente e do papel não mudam a face do mundo, nem a mentalidade das pessoas.

Sonhos que não ousamos tornar reais jamais serão motivo de alegria verdadeira.

Não tema as ondas bravias da vida nem o vento inclemente.

Trace rotas seguras e faça a sua parte.

É preciso estar a caminho.

É indispensável tentar.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

(A) Esquizofrenia

 - Proteger das recaídas.
POR QUE PROTEGER?
A pessoa acometida pela esquizofrenia tem uma maior vulnerabilidade ao estresse, ou seja, é menos tolerante e reage mal quando em situações de sobrecarga emocional, que requeiram maior equilíbrio mental. Isso explica, por exemplo, porque um ambiente familiar negativo pode ser tão danoso à estabilidade ou porque muitos pacientes entram em crise em momentos de perigo, trauma ou estresse.
Essa dificuldade está relacionada à capacidade individual de processar informações do meio e de planejar saídas ou soluções para uma determinada situação. A sensação de estar perdido ou paralisado diante de algo provoca uma reação que desestabiliza a pessoa e a torna ainda mais vulnerável ao ambiente, gerando medo, desconfiança e deixando-a em estado de alerta.
A contrapartida comportamental disso é um maior isolamento, retraimento emocional, necessidade de estar atento a tudo, menor necessidade de sono e avaliações deturpadas da realidade, características que antecedem a crise. Identificar esses sintomas é essencial para uma intervenção precoce, evitando-se um novo surto da doença.
Da mesma forma, zelar pelo ambiente do paciente, reduzindo o estresse e fatores que possam gerar instabilidade, é fundamental na prevenção de recaídas. Sabemos que nem todos os fatores podem ser controlados, que fatalidades ocorrem e que a crise muitas vezes chega sem aviso prévio. Porém, é possível controlar alguns fatores de proteção e evitar outros de vulnerabilidade, fazendo a nossa parte pela estabilidade da doença.

COMO PROTEGER?
Existem fatores que foram relacionados pelos pesquisadores a uma maior chance de recaída e outros que conferem proteção à pessoa vulnerável a novas crises de esquizofrenia. O equilíbrio entre esses fatores deve tender para o lado da proteção para que o indivíduo mantenha-se estabilizado.
Os principais fatores de proteção contra recaídas são:
Todas as formas de tratamento: médico, psicoterápico, psicossocial e de família.
Tolerância pessoal ao estresse.
Ambiente social e familiar em harmonia.
Os fatores de risco para a recaída são:
A própria doença: gravidade das alterações neuroquímicas (níveis de dopamina), intensidade dos sintomas, disfunção cognitiva e dificuldade de processamento das informações do ambiente.
Personalidade difícil.
Ambiente social e familiar estressante ou superestimulante.
Eventos de vida traumáticos ou estressantes.
Os fatores de proteção devem ser maiores do que os de risco para que a doença permaneça estabilizada. Todos os fatores de proteção podem ser aperfeiçoados com o tratamento: a tolerância pessoal pode ser reforçada através da psicoterapia e dos medicamentos; o ambiente social pode ser readequado através do tratamento psicossocial e de família, levando-se em conta as potencialidades e fragilidades de cada um; o ambiente familiar pode melhorar com a orientação ou terapia de família.
Já entre os fatores de risco, apenas o ambiente social e familiar são passíveis de mudança. As características da própria doença, como os níveis de dopamina, a gravidade dos sintomas e da disfunção cognitiva podem não ser completamente neutralizados com os tratamentos. Por isso existem pacientes mais graves e que respondem pior ao tratamento do que outros. A personalidade é mais resistente à psicoterapia e pacientes mais difíceis não aderem bem a esse tratamento. Eventos de vida traumáticos, como catástrofes, acidentes ou morte de algum familiar também não podem ser controlados.
Portanto, o enfoque no tratamento médico, psicoterápico, psicossocial e de família são os recursos hoje disponíveis, que podem manter o paciente bem por longo tempo, ajudando na sua recuperação e na superação dos obstáculos.


- Atividades Diárias.

TRABALHO:
Uma das maiores preocupações da família e do paciente com o tratamento é qual será o grau de autonomia que ele conseguirá alcançar com a recuperação de sua doença. Muitos trabalhavam, estudavam e tinham outras atividades regulares antes de adoecerem. A primeira crise representou, para a maioria, uma ruptura neste processo. Os familiares temem que os sintomas mais duradouros da esquizofrenia interfiram com a capacidade de planejamento e realização, dificultando a retomada de uma vida produtiva. Isso inclui, além do trabalho e dos estudos, os relacionamentos afetivos e sociais, a capacidade de manter o tratamento e de equilibrar-se para uma vida saudável, almejando maior independência social, emocional e financeira.
Abordamos os sintomas mais persistentes da esquizofrenia, como os cognitivos e os negativos, que ocorrem em grau variado de intensidade na maioria dos pacientes. Esses sintomas costumam interferir mais na autonomia do que os sintomas positivos. Os tratamentos precisam ser planejados, levando-se em conta o quadro clínico e as limitações de cada um, com metas de curto, médio e longo prazo, que precisarão ser reavaliadas à medida que o paciente avança em seus objetivos. O grau de autonomia a ser alcançado depende também da estabilidade da doença (prevenção de recaídas) e da qualidade do meio em que o paciente vive (menor sobrecarga e estresse).
O trabalho deve ter num primeiro momento um propósito ocupacional. O paciente deve ser estimulado dentro de suas potencialidades, com o cuidado de se evitar a superestimulação ou a sobrecarga de responsabilidades e demandas que possam desestruturá-lo. Ele pode ser gradativamente encorajado a assumir novas responsabilidades à medida que se mostrar mais seguro e confortável em sua função. A equipe terapêutica pode ajudar nesta orientação.
Alguns podem necessitar de um trabalho assistido, ou seja, sob supervisão de alguém que possa assumir responsabilidades que o paciente demonstra não suportar. Esta proteção visa evitar que o trabalho se transforme num potencial risco de recaída, por exceder as capacidades de enfrentamento por parte do paciente, gerando mais angústia e estresse.
Não é nenhum demérito se o paciente precisar assumir uma função com grau menor de complexidade do que a que vinha exercendo antes de seu adoecimento. O processo de reabilitação deve focar no melhor desfecho de longo prazo, sem abrir mão da estabilidade da doença, componente fundamental.

RELACIONAMENTOS:
Um aspecto importante para a autonomia dos portadores de esquizofrenia é a capacidade de se relacionarem com outras pessoas, ampliando assim seu ciclo social. A timidez, a introspecção, o isolamento e a inibição social que alguns apresentam dificultam a formação de novas amizades e de relacionamentos afetivos, que poderiam ajudar no resgate da motivação e do prazer para novas atividades. É comum a constatação por familiares e portadores de que a falta de companhia é muitas vezes o motivo para a ociosidade.
Outro ponto comum entre os familiares é que os modos e a capacidade do paciente avaliar seu comportamento em situações sociais geram, muitas vezes, constrangimento para si próprio. Alguns relutam em freqüentar determinados ambientes e em outros as famílias têm resistência a levá-los, por temer que o comportamento não será adequado.
O aprendizado social, ou seja, o treinamento e a exposição a situações e ambientes sociais devem fazer parte do processo de reabilitação. A privação social, seja qual for a razão alegada, só contribui para que antigos hábitos permaneçam disfuncionais e para que novas habilidades não sejam incorporadas para moldar melhor o comportamento.
O tratamento psicossocial e a psicoterapia podem oferecer ferramentas para ampliar relacionamentos e para aperfeiçoar o comportamento social, ajudando o paciente a ter uma melhor autocrítica e a monitorar (e corrigir) seus próprios hábitos e atitudes. Entretanto, a família não deve se furtar a levar o paciente aos eventos sociais, ajudando-o no treinamento contínuo desse aprendizado e resgatando o prazer da convivência em comunidade.

LAZER:
O lazer é tão importante quanto às demais atividades rotineiras do paciente. Alguns incorrem no erro de julgar atividades ocupacionais, que não o trabalho, como lazer. Aula de artes, atividades físicas, oficinas lúdicas, terapias, enfim, a maior parte das atividades propostas aos pacientes tem caráter terapêutico. Embora possam ser prazerosas, não substituem os momentos de lazer.
Lazer são atividades espontâneas e voltadas ao entretenimento e prazer, que ajudam a descarregar tensões, que trazem relaxamento e bem estar e que, se possível (e é desejável que assim o seja), reúnam pessoas amigas e queridas.
Apesar da reabilitação psicossocial incluir atividades com este propósito, é recomendável que elas também aconteçam em outros ambientes, como o familiar. A família precisa de momentos de congraçamento e prazer, para estreitar seus laços afetivos e aproximar as histórias de vida das pessoas. Manter um momento desses, ao mínimo algumas horas uma vez por semana, para ir ao cinema ou a um restaurante, ou mesmo a um piquenique no parque, pode ajudar a melhorar os relacionamentos.

(A) Esquizofrenia - O Papel da Família.

 

SENTIMENTOS E EMOÇÕES:
Os portadores de esquizofrenia, pelas características da própria doença, passam a maior parte de seu tempo com suas famílias, principalmente seus pais e irmãos. As pessoas diretamente ligadas a eles também sofrem com os desgastes provocados pelo transtorno.
A esquizofrenia pode interferir nas relações familiares, provocar sentimentos negativos, como raiva, medo e angústia, pela sensação de impotência que os sintomas trazem. Como reagir frente a um delírio ou uma alucinação, que comportamento deve se ter diante de alguém desmotivado, que se isola ou que reluta em fazer alguma atividade? Como aceitar os percalços que a doença traz sem descontar no paciente, sua principal vítima, as nossas próprias frustrações?
O impacto emocional que o adoecimento traz aos familiares é muitas vezes tão intenso quanto àquele que atinge o paciente. Algumas reações comuns entre os familiares, particularmente no início da doença, quando tomam conhecimento do diagnóstico, são:
→ Negação ou subestimação: sentimento de incredulidade ou de irrealidade, como se aquilo não estivesse acontecendo ou como se fosse um pesadelo do qual se poderia acordar a qualquer momento. O familiar pode criar fantasias acerca da doença, duvidar ou questionar seus sintomas, acreditar numa cura miraculosa ou achar que o problema é menor e não deve gerar preocupações.
→ Sentimento de culpa: procurar responsabilizar alguém ou a si próprio, buscar um culpado para a doença.
→ Sentimento de revolta: agir com raiva diante do paciente ou de outro familiar, por não aceitar a doença.
→ Superproteção: acreditar que a doença vai deixar o paciente incapacitado e dependente, desenvolvendo formas de controle e cerceamento que irão tolir a liberdade e limitar a autonomia da pessoa.
O familiar precisa de tempo e de informação para mudar seus sentimentos, refletir sobre suas convicções e perder os preconceitos. Aprender a lidar com os sintomas vem a partir da vivência cotidiana, que precisa de reflexão e reavaliação constantes. Nossas atitudes podem ser determinantes para o futuro da pessoa que sofre de esquizofrenia. Atitudes positivas contribuirão para uma melhor recuperação, um futuro mais promissor, com menores índices de recaída, maiores possibilidades para se trabalhar a autonomia e melhorar a qualidade de vida e dos relacionamentos. Atitudes negativas desgastam as relações, impossibilitam a recuperação plena e estão associadas a um maior número de recaídas e a uma evolução mais grave da esquizofrenia.
Emoção expressada (E.E.) é o termo dado por pesquisadores ao conjunto de atitudes, sentimentos e reações de familiares que refletem emoções desajustadas relacionadas à doença e ao familiar adoecido. Quando se diz que uma família tem altos níveis de E.E., significa que os relacionamentos estão em conflito, aumentando a sobrecarga e o estresse. A capacidade de solucionar os principais problemas trazidos pela doença e sua convivência fica muito prejudicada. Por esse motivo, altos índices de E.E. são um dos fatores que mais se relacionam às recaídas e a um pior prognóstico.
Os familiares e pessoas próximas precisam dedicar um tempo ao conhecimento dos aspectos da doença, como forma de compreender melhor seu familiar e amigo, refletir sobre suas atitudes, mudar padrões errados de comportamento e reduzir o grau de estresse, buscando solucionar da melhor forma os conflitos do dia-a-dia. Essa nova maneira de encarar a esquizofrenia vai se reverter em benefícios para si, aliviando o sofrimento e o impacto causados pelo adoecimento e, sobretudo, melhorando a convivência e o ambiente familiar.

PADRÕES EMOCIONAIS:
Os sentimentos provenientes da convivência do familiar com o paciente podem se cristalizar com o tempo, ditando atitudes e comportamentos que se repetirão no dia-a-dia. Muitos não percebem que estão agindo de maneira errada, pois o padrão de relacionamento estabelecido está tão enraizado, que permeia, de forma automática, grande parte do contato entre eles. O familiar passa a ter dificuldade de agir de forma diferente, na maioria das vezes culpando o paciente por isso, quando, na verdade, ele próprio não vem conseguindo mudar o seu comportamento sozinho. Isso leva a um ciclo vicioso, onde não se sabe mais onde está a causa e a conseqüência.
Os principais padrões emocionais encontrados em familiares de esquizofrênicos são detalhados a seguir. Um mesmo familiar pode apresentar mais de um padrão.
→ Hipercrítica – atitude crítica em relação ao paciente, cobrando atividades, tarefas e resultados com um nível elevado (e, muitas vezes, incompatível) de exigência, resultando quase sempre em seu fracasso. O familiar pode se tornar demasiadamente crítico também em relação aos sintomas e comportamentos provenientes da doença e que o paciente tem dificuldade de controlar. Esta atitude resulta comumente num padrão mais hostil de relacionamento.
→ Hostilidade – atitude hostil e de briga, com discussões e desavenças freqüentes, que pode evoluir, em alguns casos, para agressividade verbal e física de ambas as partes.
→ Permissividade – atitude permissiva, descompromissada ou indiferente, que, em geral, revela a pouca disponibilidade do familiar de se envolver com o paciente, não se importando com coisas boas ou negativas relacionadas a ele.
→ Superproteção – atitude superprotetora, preocupação demasiada, tendência a tomar a frente do paciente nas decisões e atividades que lhe cabem, restringindo sua liberdade e autonomia. Pode ocorrer controle excessivo, gerando discussões e desentendimentos entre o controlador e o paciente, evoluindo para um clima hostil.
→ Superenvolvimento afetivo – alguns familiares anulam-se, deixam de reservar um tempo para si, para atividades sociais e de lazer, passando a cuidar exclusivamente do paciente. Podem desenvolver quadros afetivos que variam da estafa à ansiedade e depressão. Sacrificam muito o seu lado pessoal e deixam transparecer sua frustração e cansaço, passando a impressão de que o paciente é um estorvo ou culpado por seu sofrimento. Muitos precisam também de um tratamento médico e de um acompanhamento psicoterápico.
É importante que o familiar identifique se alguns dos padrões característicos estão ocorrendo e reflita sobre suas atitudes e sentimentos. Uma recomendação geral é que cada um possa dedicar parte de seu tempo às atividades que proporcione prazer, uma válvula de escape para o estresse. Ter um período sozinho, para se cuidar, fazer atividades físicas, ter uma leitura agradável ou para relaxar e refletir sobre si mesmo. Buscar atividades sociais e de lazer que incluam o paciente também ajuda a aliviar as tensões e a reaproximar as pessoas. Conversar, trocar idéias e experiências, buscar soluções em conjunto e dividir melhor a sobrecarga, buscando a união de todos para enfrentar as dificuldades do dia-a-dia.

TERAPIA E PSICOEDUCAÇÃO:
A terapia de família na esquizofrenia é um dos tratamentos complementares de maior eficácia, com repercussão direta no estado clínico do paciente. Existem vários trabalhos científicos que comprovam seus efeitos na adesão ao tratamento médico, na redução de recaídas e de hospitalizações, na melhoria da qualidade de vida e autonomia do paciente. Para os familiares, a terapia pode ajudá-los a reduzir o estresse, a trabalhar melhor seus sentimentos e angústias, superando a sensação de culpa e/ou fracasso, a identificar preconceitos e atitudes errôneas e os auxilia na busca de soluções para os problemas cotidianos.
O modelo de terapia que mais tem se mostrado eficaz na esquizofrenia é o da psicoeducação de família, que acrescenta à terapia informações sobre a doença. Oferecer conhecimento teórico é imprescindível para ajudar o familiar a compreender melhor seu paciente, reavaliando julgamentos e atitudes. Esta importante etapa educativa o prepara para a etapa seguinte, a terapia propriamente.
A terapia pode ser individual (com um ou mais membros de uma mesma família) ou em grupo (várias famílias). Ela analisa as situações práticas do dia-a-dia e como cada um lida com os conflitos e soluciona os problemas, propondo uma reflexão. Ela pode recorrer a qualquer momento à etapa educativa para corrigir equívocos que porventura persistirem. Essa reflexão é essencial para que o familiar esteja mais receptivo a novas maneiras de lidar com o estresse e adquira maior habilidade no manejo e na solução das situações, reduzindo assim a sobrecarga e melhorando a qualidade do relacionamento familiar.

(A) Esquizofrenia - Outros Remédios.

 

ANTICOLINÉRGICOS:
Anticolinérgico é o nome da classe dos medicamentos que agem no cérebro bloqueando receptores de um neurotransmissor chamado acetilcolina. Dentre outras indicações, eles reduzem os efeitos de impregnação causados pelos antipsicóticos, melhorando os efeitos do tipo parkinsoniano, como tremores, rigidez muscular, bradicinesia e hipersalivação. Os mais utilizados no Brasil são a prometazina (Fenergan) e o biperideno (Akineton).
É comum a associação dessas substâncias com antipsicóticos, principalmente os de primeira geração e de alta potência, que causam efeitos de impregnação com maior frequência. É importante compreender que eles não tratam os sintomas da esquizofrenia, mas apenas diminuem os efeitos parkinsonianos.
Por outro lado, os anticolinérgicos também possuem efeitos colaterais que podem se somar aos do antipsicótico. Os mais comuns são: boca seca, prisão de ventre, sonolência (prometazina), excitação (biperideno), retenção urinária, visão embaçada.
No caso da prometazina, por sua ação sedativa, ela pode ser também utilizada com esta finalidade.

TRANQUILIZANTES:
Os tranqulizantes ou calmantes, principalmente da classe dos benzodiazepínicos, são medicacões para ansiedade (efeito ansiolítico) e para insônia (efeito hipnótico). Eles são vendidos com a receita azul (tipo B) e possuem uma tarja preta na caixa com um aviso do potencial risco de causarem dependência.
Os mais utilizados no Brasil são: diazepam (Valium), bromazepam (Lexotan), clonazepam (Rivotril), alprazolam (Frontal), lorazepam (Lorax), cloxazolam (Olcadil), flunitrazepam (Rohypnol), midazolam (Dormonid) e nitrazepam (Nitrazepol). Existem ainda hipnóticos que não pertencem à mesma classe dos anteriores e que possuem um menor risco de causar dependência. Os mais prescritos são o zolpidem (Stilnox) e o zolpiclone (Imovane), são vendidos com a receita controlada branca e a tarja da caixa é vermelha.
Esses medicamentos podem ser utilizados na esquizofrenia quando ocorre ansiedade importante, com ou sem sintomas psicossomáticos, como taquicardia, falta de ar, tremores, sudorese, inquietação motora, nervosismo e ataques de pânico, ou no tratamento da insônia. Eles não tratam os sintomas positivos ou negativos da esquizofrenia e não possuem ação antipsicótica.
Os principais efeitos colaterais são: sonolência, relaxamento muscular, lentidão dos reflexos e do movimento, alterações da marcha, fala arrastada, desinibição do comportamento, problemas de memória e o potencial de causar dependência física.
O risco de dependência está muitas vezes relacionado ao abuso, quando o paciente aumenta a dose por conta própria. Como ocorre com o tempo uma tolerância do organismo aos efeitos do medicamento, o paciente pode necessitar de uma dose maior para obter o mesmo efeito anterior. Isto não ocorre com os antipsicóticos, que não possuem risco de dependência física e têm eficácia duradoura.

ESTABILIZADORES DO HUMOR:
Os estabilizadores atuam principalmente sobre o humor, sendo indicados em pacientes com humor exaltado, inadequado ou irritável ou que tenham comportamentos impulsivos e agressivos. Eles são o principal tratamento do Transtorno Bipolar (TBH), mas podem também ser úteis como adjuvantes no tratamento da esquizofrenia.
As substâncias com propriedades estabilizadoras do humor são: alguns anticonvulsivantes, como carbamazepina (Tegretol), ácido valpróico/valproato de sódio (Depakene, Depakote), oxacarbazepina (Trileptal) e lamotrigina (Lamictal), e o carbonato de lítio (Carbolitium). Recentemente alguns antipsicóticos de segunda geração ou atípicos foram aprovados para o tratamento do TBH por também possuírem propriedades estabilizadoras.
Os estabilizadores não possuem ação antipsicótica e, portanto, não são indicados como terapia isolada na esquizofrenia. A combinação com o antipsicótico pode ter efeito aditivo sobre o humor e o comportamento.
Os efeitos colaterais variam de acordo com a substância utilizada, mas podem ocorrer efeitos gastrointestinais, como náuseas e diarréia, tremores, sonolência, tonteira, dentre outros.
No caso do lítio, é necessário controle dos níveis no sangue para verificar o alcance da dose terapêutica e para prevenir a intoxicação. É importante que o paciente beba bastante líquido e se mantenha hidratado.

ANTIDEPRESSIVOS:
Os antidepressivos podem ser necessários para o tratamento de quadros depressivos. A depressão na esquizofrenia é conhecida como “depressão pós-esquizofrênica”, por ocorrer com maior frequência após a fase aguda de psicose. Alguns pacientes podem ter maior consciência de sua doença nesse período, predispondo-os mais. O diagnóstico costuma ser difícil, pois os sintomas depressivos podem ser confundidos com os negativos, mais comuns na doença.
Os pacientes deprimidos apresentam sintomas negativos mais graves, maior desânimo, apatia, isolamento e falta de prazer e iniciativa nas atividades habituais. O sentimento persistente de tristeza é indicativo de depressão e permite a diferenciação com os sintomas negativos. Podem ocorrer sentimentos de culpa, menos-valia, baixa auto-estima e idéias de suicídio.
O antidepressivo pode ser associado ao tratamento nesses quadros. Os antipsicóticos atípicos ou de segunda geração têm efeito antidepressivo pela ação sobre a serotonina, mas isoladamente podem não ser suficientes para o tratamento da depressão.
A classe de antidepressivos mais utilizada é a dos inibidores seletivos de recaptura de serotonina (ISRS), da qual fazem parte fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram, escitalopram e fluvoxamina. Os efeitos colaterais mais comuns são náuseas, vômitos, diarréia ou constipação, perda de apetite, emagrecimento e boca seca, dentre outros, que podem melhorar ou desaparecer após 1 semana de tratamento.
Existem outros tipos de antidepressivos que podem ser prescritos de acordo com as particularidades de cada caso e seu perfil de ação.
Existe um risco de piora dos sintomas positivos (delírios e alucinações) com o uso dos antidepressivos e familiares precisam estar alertas, caso isso ocorra, para informar ao médico-assistente.

(A) Esquizofrenia - Outros Remédios.

 

ANTICOLINÉRGICOS:
Anticolinérgico é o nome da classe dos medicamentos que agem no cérebro bloqueando receptores de um neurotransmissor chamado acetilcolina. Dentre outras indicações, eles reduzem os efeitos de impregnação causados pelos antipsicóticos, melhorando os efeitos do tipo parkinsoniano, como tremores, rigidez muscular, bradicinesia e hipersalivação. Os mais utilizados no Brasil são a prometazina (Fenergan) e o biperideno (Akineton).
É comum a associação dessas substâncias com antipsicóticos, principalmente os de primeira geração e de alta potência, que causam efeitos de impregnação com maior frequência. É importante compreender que eles não tratam os sintomas da esquizofrenia, mas apenas diminuem os efeitos parkinsonianos.
Por outro lado, os anticolinérgicos também possuem efeitos colaterais que podem se somar aos do antipsicótico. Os mais comuns são: boca seca, prisão de ventre, sonolência (prometazina), excitação (biperideno), retenção urinária, visão embaçada.
No caso da prometazina, por sua ação sedativa, ela pode ser também utilizada com esta finalidade.

TRANQUILIZANTES:
Os tranqulizantes ou calmantes, principalmente da classe dos benzodiazepínicos, são medicacões para ansiedade (efeito ansiolítico) e para insônia (efeito hipnótico). Eles são vendidos com a receita azul (tipo B) e possuem uma tarja preta na caixa com um aviso do potencial risco de causarem dependência.
Os mais utilizados no Brasil são: diazepam (Valium), bromazepam (Lexotan), clonazepam (Rivotril), alprazolam (Frontal), lorazepam (Lorax), cloxazolam (Olcadil), flunitrazepam (Rohypnol), midazolam (Dormonid) e nitrazepam (Nitrazepol). Existem ainda hipnóticos que não pertencem à mesma classe dos anteriores e que possuem um menor risco de causar dependência. Os mais prescritos são o zolpidem (Stilnox) e o zolpiclone (Imovane), são vendidos com a receita controlada branca e a tarja da caixa é vermelha.
Esses medicamentos podem ser utilizados na esquizofrenia quando ocorre ansiedade importante, com ou sem sintomas psicossomáticos, como taquicardia, falta de ar, tremores, sudorese, inquietação motora, nervosismo e ataques de pânico, ou no tratamento da insônia. Eles não tratam os sintomas positivos ou negativos da esquizofrenia e não possuem ação antipsicótica.
Os principais efeitos colaterais são: sonolência, relaxamento muscular, lentidão dos reflexos e do movimento, alterações da marcha, fala arrastada, desinibição do comportamento, problemas de memória e o potencial de causar dependência física.
O risco de dependência está muitas vezes relacionado ao abuso, quando o paciente aumenta a dose por conta própria. Como ocorre com o tempo uma tolerância do organismo aos efeitos do medicamento, o paciente pode necessitar de uma dose maior para obter o mesmo efeito anterior. Isto não ocorre com os antipsicóticos, que não possuem risco de dependência física e têm eficácia duradoura.

ESTABILIZADORES DO HUMOR:
Os estabilizadores atuam principalmente sobre o humor, sendo indicados em pacientes com humor exaltado, inadequado ou irritável ou que tenham comportamentos impulsivos e agressivos. Eles são o principal tratamento do Transtorno Bipolar (TBH), mas podem também ser úteis como adjuvantes no tratamento da esquizofrenia.
As substâncias com propriedades estabilizadoras do humor são: alguns anticonvulsivantes, como carbamazepina (Tegretol), ácido valpróico/valproato de sódio (Depakene, Depakote), oxacarbazepina (Trileptal) e lamotrigina (Lamictal), e o carbonato de lítio (Carbolitium). Recentemente alguns antipsicóticos de segunda geração ou atípicos foram aprovados para o tratamento do TBH por também possuírem propriedades estabilizadoras.
Os estabilizadores não possuem ação antipsicótica e, portanto, não são indicados como terapia isolada na esquizofrenia. A combinação com o antipsicótico pode ter efeito aditivo sobre o humor e o comportamento.
Os efeitos colaterais variam de acordo com a substância utilizada, mas podem ocorrer efeitos gastrointestinais, como náuseas e diarréia, tremores, sonolência, tonteira, dentre outros.
No caso do lítio, é necessário controle dos níveis no sangue para verificar o alcance da dose terapêutica e para prevenir a intoxicação. É importante que o paciente beba bastante líquido e se mantenha hidratado.

ANTIDEPRESSIVOS:
Os antidepressivos podem ser necessários para o tratamento de quadros depressivos. A depressão na esquizofrenia é conhecida como “depressão pós-esquizofrênica”, por ocorrer com maior frequência após a fase aguda de psicose. Alguns pacientes podem ter maior consciência de sua doença nesse período, predispondo-os mais. O diagnóstico costuma ser difícil, pois os sintomas depressivos podem ser confundidos com os negativos, mais comuns na doença.
Os pacientes deprimidos apresentam sintomas negativos mais graves, maior desânimo, apatia, isolamento e falta de prazer e iniciativa nas atividades habituais. O sentimento persistente de tristeza é indicativo de depressão e permite a diferenciação com os sintomas negativos. Podem ocorrer sentimentos de culpa, menos-valia, baixa auto-estima e idéias de suicídio.
O antidepressivo pode ser associado ao tratamento nesses quadros. Os antipsicóticos atípicos ou de segunda geração têm efeito antidepressivo pela ação sobre a serotonina, mas isoladamente podem não ser suficientes para o tratamento da depressão.
A classe de antidepressivos mais utilizada é a dos inibidores seletivos de recaptura de serotonina (ISRS), da qual fazem parte fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram, escitalopram e fluvoxamina. Os efeitos colaterais mais comuns são náuseas, vômitos, diarréia ou constipação, perda de apetite, emagrecimento e boca seca, dentre outros, que podem melhorar ou desaparecer após 1 semana de tratamento.
Existem outros tipos de antidepressivos que podem ser prescritos de acordo com as particularidades de cada caso e seu perfil de ação.
Existe um risco de piora dos sintomas positivos (delírios e alucinações) com o uso dos antidepressivos e familiares precisam estar alertas, caso isso ocorra, para informar ao médico-assistente.