segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Recado a um jovem



No dia em que eu, já velha, não for mais a mesma, tenha paciência e me compreenda...
Quando eu derramar comida em minha roupa ou esquecer de amarrar meus sapatos, lembre-se das horas que passei ensinando-lhe a fazer as mesmas coisas.
Se ao conversar comigo, eu repetir a mesma história, que você já sabe de cor como termina, não me interrompa e me escute... Quando você era pequeno, para que dormisse, tive que contar milhares de vezes as mesmas histórias, até que fechasse seus olhinhos.
Quando estivermos juntos, se por ventura eu, sem querer, vier a fazer minhas necessidades, não sinta piedade de mim, compreenda que não tenho culpa por isso, pois já não posso mais controlá-las. Pense em quantas vezes, quando você era pequenino, eu não o julguei e fiquei pacientemente ao seu lado esperando que você terminasse o que estava fazendo.
Não me recrimines por não querer tomar banho, nem me repreenda por isso. Lembre-se dos momentos em que tive que persegui-lo, e nos mil pretextos que tive que inventar para fazer mais agradável seu banho. Aceita-me e me perdoa, agora a criança sou eu.
Quando me vir atônita e desamparada em frente a todas as parafernálias tecnológicas, que não consigo entender, suplico que me dê todo o tempo que me seja necessário, sem me menosprezar. Lembre-se que fui eu quem lhe ensinou tantas coisas: comer, vestir-se, e sua educação para enfrentar a vida tão bem como você faz, são produtos de meu esforço e perseverança. Por meu amor a você.
Quando algumas vezes, ao conversarmos, eu vier a esquecer sobre o que estávamos falando, me dê o tempo necessário para que eu me lembre e, se eu não conseguir fazê-lo, não zombe de mim, talvez não fosse muito importante o que falávamos.
Quando minhas pernas falharem por eu estar cansada para andar, dê-me sua mão terna para que eu me apóie, como fiz quando você começou a caminhar com suas pernas gordinhas e frágeis.
Finalmente, quando algum dia me ouvir dizer que já não quero mais viver e só quero morrer, não se aborreça... Algum dia irá entender que isso não tem nada a ver com seu carinho ou com quanto eu o ame... Tente compreender que já não vivo, senão sobrevivo, e isso não é viver. Sempre quis o melhor para você e preparei os caminhos que você deveria percorrer, pensa então que com esse passo que adio em dar, estarei construindo para você uma outra rota, em um outro tempo, mas sempre com você.
Não se sinta triste ou impotente por me ver como me vê, me dê seu coração. Compreenda-me e faça como fiz quando você começou a viver, da mesma maneira como acompanhei em seu caminho, rogo-lhe que me acompanhe até terminar o meu, dando-me amor e paciência, que eu lhe devolverei com gratidão e sorrisos, o imenso amor que tenho por você.

O Empurrão


A águia empurrou gentilmente os filhotes para a beira do ninho.
Seu coração trepidava com emoções conflitantes enquanto sentia a resistência deles.
Por que será que a emoção de voar precisa começar com o medo de cair? - pensou.
Esta pergunta eterna estava sem resposta para ela.
Como na tradição da espécie, seu ninho localizava-se no alto de uma saliência, num rochedo escarpado. Abaixo, havia somente o ar para suportar as asas de cada um de seus filhotes.
A despeito de seus medos, a águia sabia que era tempo.
Sua missão materna estava praticamente terminada.
Restava uma última tarefa: o empurrão.
A águia reuniu coragem através de uma sabedoria inata.
Enquanto os filhotes não descobrissem suas asas, não haveria objetivo em suas vidas.
Enquanto não aprendessem a voar, não compreenderiam o privilégio de terem nascido águias.
O empurrão era o maior presente que a águia-mãe tinha para dar-lhes, era seu supremo ato de amor.
E por isso, um a um, ela empurrou, e todos voaram!

Todos nós somos seres dotados de capacidades potenciais que podem ser desenvolvidas e aprimoradas.
Muitas vezes, esse potencial só é desenvolvido quando nos deparamos com uma situação difícil que nos impõe uma postura mais arrojada.
Por isso, mesmo que você se depare com dificuldades ao longo da vida, persista em seus objetivos.
Assim como os filhotes da águia, é preciso vencer as dificuldades e os medos para depois voar.

A Hora de Ser Feliz

Existe somente uma idade para a gente ser feliz.
Somente uma época da vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos.
Época em que se tem energia bastante para realizá-los, a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente.
Desfrutar tudo com intensidade, sem medo nem culpa de sentir prazer.
Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança.
Vestir-se com todas as cores, experimentar todos os sabores, entregar-se a todos os amores sem preconceitos nem pudor.
Tempo de entusiasmo e de coragem em que todo desafio é mais um convite à luta.
Luta que a gente enfrenta com toda disposição para tentar algo novo, de novo, e de novo, e quantas vezes for preciso.
Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE.
O presente tem apenas a duração do instante que passa...
Doce pássaro do aqui e agora que, quando a gente se dá por ele, já partiu, para nunca mais voltar.

As Três Velhas

Uma viúva tinha uma filha bonita e religiosa.
Queria casá-la com homem bom e bem de vida.
Perto, havia um comércio. O dono, solteiro.
A mãe estudava como fazê-lo conhecer a filha.
A moça ia todos os dias à Missa das Almas, onde encontrava e conversava com três velhas devotas.
Um dia, a viúva ouve o comerciante dizer que só casaria com moça trabalhadeira. Devia fiar mais que qualquer uma.
A mãe comprou linho e entregou à filha, que devia fiar até a manhã seguinte.
A moça sentou no batente da cozinha e chorou. Não sabia fiar. Ouviu uma voz. Era uma das três velhas, que prometeu ajudá-la.
Com uma condição: convidá-la para o casamento e chamá-la de tia.
De manhã, a mãe encontrou a tarefa pronta. Foi até o comerciante.
O homem ficou espantado com tamanha rapidez. A mãe deu novo linho à filha. Que ficou agoniada. A segunda velha apareceu. Ajudou-a sob a mesma condição.
E assim foi pela terceira vez.
O homem quis conhecer a moça. Marcaram casamento.
No jantar, as três velhas compareceram.
A noiva cumpriu o trato, chamado-as de tias.
O marido não tirava o olho das velhas, feias como o "pecado mortal". Perguntou por que a primeira era corcunda; a segunda, boca-torta; e a terceira tinha dedos finos e compridos.
A três responderam:
- De tanto fiar.
O marido pegou fusos, rocas, queimou tudo. Deus jamais permitisse que sua mulher ficasse feia de tanto fiar.
O casal viveu feliz.

Sempre existe uma saída.
Basta procurar!

Ante as decepções

Não somos poucos os que nos tornamos pessoas amargas, indiferentes ou frias, por causa de decepções que afirmamos ter sofrido aqui ou ali, envolvendo outras pessoas.
A decepção foi com o amigo a quem recorremos num momento de necessidade e não encontramos o apoio esperado. Foi com o companheiro de trabalho que nos constituía modelo, parecia perfeito e o surpreendemos em um deslize.
Tais decepções devem nos remeter a exames melhores das situações.
Decepcionarmo-nos com pessoas que estão no Mundo, sofrendo as nossas mesmas carências e tormentos não é muito real.
Primeiro, porque elas não nos pediram para assinar contrato ou compromissos de infalibilidade para conosco.
Segundo, porque o simples fato de elas transitarem na Terra, ao nosso lado, é o suficiente para que não as coloquemos em lugares de especial destaque, pois todas têm seu ponto frágil e até mesmo seus pontos sombrios.
A nossa decepção, em realidade, é conosco mesmo, pois que nos equivocamos em nossa avaliação, por precipitação ou por análise superficial.
Não menos errada a decepção que afirmamos ter com a própria religião, com a doutrina de fé cristã que está a espalhar, em toda parte, os ensinamentos deixados por Jesus Cristo para os seres de boa vontade.
O que acontece é que costumamos confundir as doutrinas que ensinam o bem, o nobre, o bom com os doutrinadores que, embora falem das virtudes que devemos perseguir, conduzem as próprias existências em oposição ao que pregam.
Como vemos, a decepção não é com as mensagens da Boa Nova, mas exatamente com os que conduzem a mensagem. Nesse ponto não nos esqueçamos de fazer o que ensinou Jesus: comparar os frutos com as qualidades das árvores donde eles procedem, de modo a não nos deixarmos iludir.
Avaliemos, desta forma, as nossas queixas contra pessoas e situações e veremos que temos sido os grandes responsáveis pelas desilusões do caminho.
Nós mesmos é que criamos as ondas que nos decepcionam e magoam.
Cabe-nos amadurecer gradualmente nos estudos e na prática do bem, aprendendo a examinar cada coisa, cada situação, analisar a nós mesmos com atenção, a fim de crescermos para a grande luz, sem nos decepcionarmos com nada ou com ninguém.
Precisamos aprender a compreender cada indivíduo no nível em que se situa, não exigindo dele mais do que possa dar e apresentar, exatamente como não podemos pedir à roseira que produza violetas, que não tenha espinhos e que não despetale suas flores na violência dos ventos.
* * *
Para que avancemos em nossa caminhada evolutiva, imponhamo-nos uma conduta de maturidade, de indulgência e de benevolência para com os demais.
Disponhamo-nos a brilhar, sob a proteção de Deus, avançando sempre, não nos detendo na retaguarda a examinar mágoas e depressões, que se apresentam na estrada como pedras e obstáculos, calhaus e detritos.

O maior desafio

Cada um de nós tem desafios diferentes. A vida é feita de desafios diários.
Para quem não dispõe de movimentos nas pernas, transportar-se da cama para a cadeira de rodas, a cada manhã, é um desafio.
Para quem sofreu um acidente e está reaprendendo a andar, o desafio está em apoiar-se nas barras, na sala de reabilitação, e tentar mover um pé, depois o outro.
Para quem perdeu a visão, o grande desafio é adaptar-se à nova realidade, aprendendo a ouvir, a tatear, a movimentar-se entre os obstáculos sem esbarrar. É aprender um novo alfabeto, é ler com os dedos, é adquirir nova independência de movimentos e ação.
Para o analfabeto adulto, o maior desafio é dominar aqueles sinais que significam letras, que colocados uns ao lado dos outros formam palavras, que formam frases.
É conseguir tomar o lápis e escrever o próprio nome, em letras de forma. É conseguir ler o letreiro do ônibus, identificando aquele que deverá utilizar para chegar ao seu lar.
Cada qual, dentro de sua realidade, de sua vivência, apontará o que lhe constitui o maior desafio: dominar a técnica da pintura, da escultura, da música, da dança.
Ser um ás no esporte. Ser o primeiro da classe. Passar no vestibular. Ser aprovado no concurso que lhe garantirá um emprego. Ser aceito pela sociedade. Ser amado.
Para vencer um desafio é preciso ter disciplina, ser persistente, ser diplomático, saber perdoar-se e perdoar aos outros.
É ser otimista quando os demais estão pessimistas. Ser realista quando os demais estão com os pensamentos na lua. É saber sonhar e ir em frente.
É persistir, mesmo quando ninguém consiga nos imaginar como um prêmio Nobel de Química, um pai de família, um professor, prefeito ou programador.
Acima de tudo, o maior desafio para deficientes, negros e brancos, japoneses e americanos, brasileiros e argentinos, para todo ser humano, é fazer.
Fazer o que promete. Dar o primeiro passo, o segundo e o terceiro. Ir em frente.
Com que frequência se escutam pessoas dizendo que vão fazer regime, que vão estudar mais, que vão fazer exercício todo dia, que vão ler mais, que vão assistir menos televisão, que vão...
Falar, reclamar ou criticar são os passatempos mais populares do mundo, perdendo só, talvez, para o passatempo de culpar os outros pelo que lhe acontece.
Então, o maior desafio é fazer. E não adianta você dizer que não deu certo o que pretendia porque é cego, ou porque é negro, ou porque é amarelo, ou porque você é brasileiro. Ou porque mora numa casa amarela. Ou porque não teve tempo.
Aprenda com seus erros. Quando algo não der certo, você pode tentar de maneira diferente. Agora você já sabe que daquele jeito não dá.
Você pode treinar mais. Você pode conseguir ajuda, pode estudar mais, pode se inspirar com sábios amigos. Ou com amigos dos seus amigos.
Pode tentar novas idéias. Pode dividir seu objetivo em várias etapas e tentar uma de cada vez, em vez de tentar tudo de uma vez só.
Você pode fazer o que quiser. Só não pode é sentir pena de si mesmo. Você não pode desistir de seus sonhos.
* * *
Problemas são desafios. Dificuldades são testes de promoção espiritual.
Insucesso é ocorrência perfeitamente natural, que acontece a toda e qualquer criatura.
Indispensável manter o bom ânimo em qualquer lugar e posição.
O pior que pode acontecer a alguém é se entregar ao desânimo, apagando a chama íntima da fé e caminhar em plena escuridão.
Assim, confia em Deus, e, com coragem, prossegue de espírito tranquilo.

Apenas o bom senso

Observava a maneira maternal com a qual dona Marta aconselhava um jovem rapaz, que aparentando seus trinta e cinco anos, trazia uma fisionomia triste e apagada.
Embora trabalhasse em um salão de beleza dos mais finos da capital paranaense e tivesse uma clientela das mais selecionadas, faltava brilho em sua vida.
Trabalhando mais ou menos doze horas por dia em contato com as mais variadas personalidades, umas serenas e tantas outras desequilibradas, a rotina estava fazendo com que ele se desanimasse cada vez mais.
Onde o sossego e a tranqüilidade se ao retornar para casa só enfrentava problemas tanto com os filhos quanto com a ex-mulher que quase o enlouqueciam?
Como poder ter um descanso agradável se os familiares conseguiam lhe transtornar por completo?
O tempo passava rapidamente, e percebia-se o total descaso para com tudo que o rodeava, inclusive as pessoas que o amavam.
A autodestruição era evidente e mais forte a cada dia que passava. E não havia a menor chance de aproximação reparadora pois ele mantinha a guarda fechada, não permitindo intromissões nem conselhos.
Mas dona Marta, senhora escolada em muitos anos de trabalho no auxílio fraterno, como quem nada sabia, mas com muita sabedoria comentou com ele algo mais ou menos assim:
Meu filho, como foi que você acordou hoje? O que você sentiu?
Normalmente, como sempre, respondeu amargo. Nada demais que pudesse notar de extraordinário! O mesmo tempo, as mesmas ações, o mesmo comportamento, ou seja, igual a todos ou outros dias de todas as outras semanas dos últimos meses, retrucou com ironia.
E ela, muito sábia, continuou:
Mas, ao acordar, você abriu os olhos e pode contemplar tudo a sua volta, não foi?
Sim. Respondeu secamente.
Depois, fez sua higiene sem auxílio de ninguém e tomou sua bela refeição matinal, desfrutando do bom e do melhor em termos de alimentação não é mesmo?
Claro, este é um item obrigatório, em meu dia de trabalho, senhora.
Mas depois disto, com toda disposição, encaminhou-se para cá, em seu carro, dirigindo, vendo a paisagem da cidade que lhe acolhe e, ao chegar aqui, ouviu e respondeu à várias saudações carinhosas de bom dia dos companheiros de trabalho e clientes, não foi?
Com certeza, e também dei carona a um conhecido que se machucou no futebol e estava temporariamente proibido de dirigir!
Então meu amigo, você não pode dizer que não houve nada que não lhe impressionasse a rotina. Se você pode ver, ouvir, sentir, andar, falar, você já tem, além do que a normalidade, pois tem emprego para onde ir, amigos que lhe acolhem, saúde que sobra e percepções fantásticas do mundo, que nem todos possuem.
Repense seu dia-a-dia e seja, de hoje em diante, um ser radiante, inteiro, porque viver só pela metade é uma perda de oportunidade de ser feliz.
Pense nisso!
Se você também acha que sua vida se transformou em triste rotina, mesclada de aborrecimentos constantes e que nada mais tem graça, pode ser que esteja percebendo o mundo pela metade.
Nesse caso, quebre a monotonia, faça uma visita a um orfanato, a um hospital infantil, a uma casa de repouso para idosos.
Entre em contato com essas pessoas solitárias e dependentes e dedique um pouco do seu tempo.
Se as suas horas perderam a graça, ofereça-as a quem de fato dará a elas muita importância.
Seja voluntário em alguma obra assistencial e verá que tudo a sua volta terá um colorido diferente, devolvendo a você o bom ânimo e a alegria de viver, trabalhar e ser útil.
Pense nisso!

A Águia e o Pardal


O sol anunciava o final de mais um dia e lá, entre as árvores estava Andala, um pardal que não se cansava de observar Yan, a grande águia. Seu vôo preciso, perfeito, enchia seus olhos de admiração. Sentia vontade em voar como a águia, mas não sabia como fazer. Sentia vontade em ser forte como a águia, mas não conseguia ser. Todavia, não cansava de segui-la por entre as árvores só para vislumbrar tamanha beleza.
Um dia estava voando por entre a mata e observando o vôo de Yan, quando, de repente, a águia sumiu de sua visão. Voou mais rápido para reencontrá-la, mas a águia havia desaparecido. Foi quando levou um enorme susto:
Deparou de repente com a grande águia bem à sua frente.
Tentou conter seu vôo, mas foi impossível, acabou batendo de frente com o belo pássaro. Caiu desnorteado no chão e quando voltou a si, pode ver aquele pássaro imenso bem ao seu lado observando-o, sentiu um calafrio no peito, suas asas ficaram arrepiadas e pôs-se em posição de luta. A águia em sua quietude apenas olhava-o calma e mansamente. Com uma expressão séria, perguntou-lhe:
- Por que está me vigiando, Andala?
- Quero ser uma águia como você, Yan. Mas meu vôo é baixo, pois minhas asas são curtas e vislumbro pouco por não conseguir ultrapassar meus limites.
- E como se sente amigo sem poder desfrutar e usufruir tudo aquilo que está além do que pode alcançar com suas pequenas asas?
- Sinto tristeza. Uma profunda tristeza. A vontade é muito grande de realizar este sonho.
O pardal suspirou olhando para o chão e disse:
- Todos os dias acordo muito cedo para ver você voar e caçar. Você é tão única e tão bela. Passo o dia observando.
- E não voa? Fica o tempo inteiro a observar-me?
- Sim. A grande verdade é que gostaria de voar como você, mas as suas alturas são demasiadas para mim e creio não ter forças para suportar os mesmos ventos que, com graça e experiência, você corta harmoniosamente.
- Andala, você sabe que a natureza de cada um de nós é diferente, e isto não quer dizer que nunca poderá voar como uma águia. Seja firme em seu propósito e deixe que a águia que vive em você possa dar rumos diferentes aos seus instintos. Se abrir apenas uma fresta para que essa águia que está em você possa guiá-lo, ela lhe dará a possibilidade de vir a voar tão alto como eu. Acredite!
E assim a águia preparou-se para levantar vôo, mas voltou-se novamente ao pequeno pássaro que a ouvia atentamente e completou:
- Andala, apenas mais uma coisa: Você não poderá voar como uma águia, se não treinar incansavelmente todos os dias. O treino é o que dá conhecimento, fortalecimento e compreensão a você, possibilitando assim a realização de seus sonhos.
- Se não puser em prática a sua vontade, seu sonho sempre será um sonho. Esta realidade é apenas para aqueles que não temem quebrar limites ou crenças e vão atrás de conhecer o que realmente deve ser conhecido. É para aqueles que acreditam serem livres. Quando você traz a liberdade em seu coração poderá adquirir a forma que desejar, pois já não estará apegado a nenhuma delas, será livre! Um pardal poderá, sempre, transformar-se numa águia, se essa for sua vontade.
- Confie em si mesmo e voe! Entregue suas asas aos ventos e aprenda o equilíbrio com eles. Tudo é possível àqueles que compreendem que são seres livres, basta apenas acreditar, basta apenas confiar na sua capacidade em aprender e ser feliz com sua escolha!
Somos aquilo
que acreditamos ser!

Acredite e treine!

Biscoitos


Certo dia uma moça estava à espera de seu vôo, na sala de embarque de um Aeroporto. Como ela deveria esperar por muitas horas resolveu comprar um livro para matar o tempo.Também comprou um pacote de biscoitos. Sentou-se numa poltrona na sala vip do aeroporto, para que pudesse descansar e ler em paz.
Ao seu lado sentou-se um homem.
Quando ela pegou o primeiro biscoito, o homem também pegou um. Ela se sentiu indignada, mas não disse nada. Ela pensou: Mas que "cara de pau". Se eu estivesse mais disposta, lhe daria um soco no olho para que ele nunca mais esquecesse.
A cada biscoito que ela pegava, o homem também pegava um. Aquilo a deixava tão indignada que não conseguia reagir.
Restava apenas um biscoito e ela pensou: O que será que o "abusado" vai fazer agora?
Então o homem dividiu o biscoito ao meio, deixando a outra metade para ela. Aquilo a deixou bufando de raiva. Ela pegou o seu livro e as suas coisas e se dirigiu ao embarque.
Quando sentou, confortavelmente, numa poltrona, no interior do avião, olhou dentro da bolsa, e para sua surpresa, o pacote de biscoito estava ainda intacto. Ela sentiu muita vergonha, pois quem estava errada era ela, e já não havia mais tempo para pedir desculpas.
O homem dividiu os seus biscoitos sem se sentir indignado, enquanto que ela tinha ficado muito transtornada, pensando estar dividindo os dela.
Quantas vezes, em nossa vida, nós é que estamos comendo os biscoitos dos outros, e não temos a consciência disto?
Há quem proceda de forma muito diferente da que nós gostaríamos. Isso tira a nossa calma e nos dá a impressão de que ninguém gosta de nós.

Raciocine claramente!

Pedro

Ele quase não viu a senhora, com o carro parado no acostamento. Mas percebeu que ela precisava de ajuda. Parou e aproximou. O carro dela cheirava a tinta, de tão novo!
Mesmo com o sorriso que ele estampava na face, ela ficou preocupada. Ninguém tinha parado para ajudar durante a última hora. Ele iria aprontar alguma? Parecia pobre e faminto.
Ele percebeu que ela estava com muito medo e disse:
- Eu estou aqui para ajudar, madame. Por que não espera no carro onde está quentinho? A propósito, meu nome é Pedro.
Bem, tudo que ela tinha era um pneu furado, mas para uma senhora era muito. Pedro abaixou-se, colocou o macaco e levantou o carro. Logo já estava trocando o pneu. Ele ficou um tanto sujo e ainda feriu uma das mãos. Enquanto ele apertava as porcas da roda ela abriu a janela e começou a conversar com ele. Contou que era de uma cidade grande e só estava de passagem por ali e que não sabia como agradecer pela preciosa ajuda. Pedro sorriu enquanto se levantava.
Ela perguntou quanto devia. Qualquer quantia teria sido muito pouco para ela, pois já tinha imaginado todos as terríveis coisas que poderiam ter acontecido se Pedro não tivesse parado.
Pedro não pensava em dinheiro. Aquilo não era seu trabalho, mas gostava de ajudar quando alguém necessitava. Este era seu modo de viver e nunca lhe ocorreu agir de outra maneira. Ele respondeu:
- Se realmente quiser me reembolsar, da próxima vez que encontrar alguém que precise de ajuda, dê para aquela pessoa a ajuda que ela precisar. E acrescentou: E pense em mim.
Ele esperou até que ela saísse com o carro e se foi. Tinha sido um dia frio e triste, mas ele se sentia bem.
Alguns quilômetros abaixo, a senhora parou num pequeno restaurante. Ela entrou para comer alguma coisa. Era um restaurante simples. A garçonete veio até ela e trouxe-lhe uma toalha limpa para que pudesse esfregar e secar o cabelo molhado de chuva, e lhe sorriu, um sorriso ameno, apesar do dia cansativo e da dor que sentia nos pés. A senhora notou que a garçonete estava em estado avançado de gravidez, e mesmo assim não demonstrava tensão nem deixou que as dores mudassem seu comportamento. A senhora ficou curiosa em saber como alguém que tinha tão pouco, podia tratar tão bem a uma estranha. E se lembrou de Pedro.
Depois que terminou a refeição, enquanto a garçonete buscava troco para a nota de cem, a senhora se retirou. Já tinha partido quando a garçonete voltou. A garçonete ainda pensava onde estaria a senhora, quando notou algo escrito no guardanapo, sob o qual tinha mais quatro notas de R$100,00:
"Você não precisa se preocupar com o troco, nem com o dinheiro que deixo. Alguém me ajudou uma vez e da mesma forma estou lhe ajudando. Se você realmente quiser me reembolsar não deixe este círculo de amor terminar com você". Lágrimas escorreram de seus olhos.
Aquela noite, quando foi para casa e deitou-se na cama, ficou pensando no dinheiro e no que a senhora deixou escrito. Como pôde aquela senhora saber o quanto ela e o marido precisavam daquele dinheiro? Com o bebê para o próximo mês, como estava difícil! Ela virou-se para o marido, que dormia ao lado, deu-lhe um beijo e sussurrou:

- Tudo ficará bem; eu te amo, Pedro.

As Duas sementes



Duas sementes descansam lado a lado em solo fértil.
A primeira semente disse:
- Eu quero crescer! Quero enviar minhas raízes às profundezas do solo e fazer meus brotos rasgarem a superfície da terra. Quero abrir meus botões como bandeiras anunciando a chegada da primavera. Quero sentir o calor do sol em meu rosto e a benção do orvalho da manhã em minhas pétalas!

E assim ela cresceu.
A segunda semente disse:
- Tenho medo. Se eu enviar minhas raízes às profundezas, não sei o que encontrarei na escuridão. Se rasgar a superfície dura, posso danificar meus brotos. Se eu deixar que meus botões se abram e um caracol tentar comê-los? E se abrir minhas flores e uma criança me arrancar do chão? Não, é muito melhor esperar até que eu me sinta segura?
E assim ela esperou.


Uma galinha, a procura de comida, encontrou e rapidamente comeu a semente à espera de segurança.
Os que se recusam
a correr riscos e crescer
são engolidos pela vida.