sexta-feira, 4 de março de 2011

DESABAFO DO SD PM, Weitom 2º Cia ROTAM


Há cerca de dezenove anos, um garotinho segurado pela mão por sua mãe, aguardava que o semáforo da Avenida Afonso Pena, esquina com a Rua Espirito Santo, abrisse para que ambos atravessassem em direção ao ponto de ônibus localizado próximo à igreja São José, no qual embarcariam em direção a sua casa. O trânsito fluia com certa dificuldade já que eram aproximadamente dezenove horas e coincidia que várias pessoas estavam retornando para suas respectivas casas, em uma confusão que mais tarde seria apelidada por horário de pico. Alheio a confusão, o garotinho não se importava, pelo contrário, observava e contava os veículos que se deslocava lentamente diante de seus olhos até o número dez, em seguida retornava ao número um, pois havia acabado de completar cinco anos e só aprendera a contar até dez. O garotinho repetia incassavelmente este processo, como é peculiara às crianças quando estão se divertindo, e a cada série perguntava para sua mãe qual era mesmo o número que vinha depois do dez. Sua mãe com um olhar materno desvendava-lhe a vida dizendo que era o onze e que depois vinha o doze, seguido do número treze, quatorze, o quinze e assim, dizia ela, os números seguem em fila infinitamente. Depois da resposta de sua mãe o garotinho voltava a contar os veículos até o décimo. Após a quarta contagem o sinal finalmente abriu, o garotinho como havia aprendido com sua mãe que quando o sinal ficasse verde poderia atravessar, se chateou, pois por ele, ficaria ali a noite inteira contando carros, pois estava se divertindo com as variadas cores e modelos de veículos sendo dirigidos por vários e variados rostos. Neste momento, sua mãe que arriscara atravessar parou e segurou firme a mão do garoto. Ato contínuo ouviu-se ao longe um barulho intenso e agudo. Esse barulho foi se intensificando e à medida que se aproximava do cruzamento, os demais veículos buzinavam uns para os outros e percebia-se um ar de preocupação e ansiedade nos rostos, até então abatidos e cansados dos motoristas dos veículos fitados pelo garoto. O garotinho, segurado por sua mãe, se perguntava por que as pessoas estavam paradas dos dois lados da avenida e no canteiro central sendo que o sinal estava na cor verde. Perguntava-se, também, porque os carros se dirigiam para as laterais das pistas e se amontoavam sendo que o sinal, para eles, ainda continuava vermelho.

Foi então que surgiu de um estreito entre um ônibus e o canteiro central, com duas rodas na pista de rolamento e duas rodas no passeio do canteiro central, refletindo uma luz que parecia iluminar todos os cantinhos da cidade até os mais escondidos, um carro que o menino nunca tinha visto. Não pelo seu tom de cinza e branco ou pelo seu motor barulhento e sim pela energia que trazia consigo em suas manobras ágeis e agerridas além de uma cirene intensa cujo som falava aos corações das pessoas presentes na rua: Fiquem tranquilos, pois estamos aqui para protegê-los! O garotinho não sentiu medo, pelo contrário, seus olhos brilharam mais intensamente e naquele fim de tarde ele conseguiu contar DEZESSETE Viaturas policias, imponetes, agerridas, destemidas e incomparáveis passarem diante de seus olhos. Na ocasião ele pode observar dois detalhes, o primeiro era que os militares no interior das viaturas, transmitiam um ar de orgulho, segurança, confiança, honra e prazer por fazerem parte daquele grupo e pareciam externar esses sentimentos colocando seus braços para fora da viatura, todos com boinas MARRONS e com feições fechadas e confiantes. O Segundo detalhe o garotinho percebeu na porta da viatura, tratava-se de umas letrinhas de cor vermelha que o garotinho não pode decifrar, mas que sua mãe, percebendo a ansiedade e interesse do garoto, externadas pelo olhar incandescente, desvendou com voz baixa ao ouvido de seu filho e mais uma vez com ar materno e ourgulhosa disse-lhe: ...”Está escrito ROTAM meu filho, e esses são, abaixo de Deus e juntamente com outros bons policiais militares espalhados pelo estado, os guadiões de Minas Gerais”. Depois do ocorrido, os anos que não param passaram e o garoto seguiu o curso natural da vida, cresceu, estudou e se preparou muito e adivinhem onde ele orgulhosamente serve como policial militar do Estado de Minas Gerais? 



SD PM, Weitom 2º Cia ROTAM


Muito se tem falado do meu batalhão nos últimos dias e eu, apaixonado que sou por esse patrimônio do povo mineiro, sinto-me engasgado e triste ao ouvir insanos formadores de opiniões cogitarem em rede estadual e nacional de televisão a extinção deste que é estatisticamente o melhor batalhão da policia militar de Minas Gerais, essa que é apontada como sendo a melhor e mais bem preparada do Brasil. Falsos boatos de milícia, grupo de extermínio, envolvimento com caça-níqueis estão sendo veículados pela parte irresponsável da mídia que preferem o ibope à dignidade. A este bando de carniceiros digo: Quando os portões dete batalhão se fecharem para sempre e o orgulho de seus integrantes em serem ROTAM forem dobrados e alocados perpetuamente no fundo de suas gavetas, juntamente com suas eternas boinas marrons, a sociedade mineira perderá a mão que ao lado da mão de Deus procura protegê-la dos cardos resultantes das mazelas cententárias deste estado. 

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