segunda-feira, 1 de agosto de 2011

(A) Mães e mestres


Prof. Chafic Jbeili - www.unicead.com.br

Tenho observado mães professoras interagindo com seus filhos pequenos, na faixa etária de até seis anos quando precisam ensinar algo a eles. Há uma troca de olhares e leituras de expressões que complementam o método simples de correção do ato indevido ou da palavra dita errada. É a pedagogia materna!

Com duas ou três correções a criança já aprende o certo porque se sente segura em errar ao tempo que é amorosamente estimulada a corrigir-se. Em seguida, quando age ou fala apropriadamente a criança recebe um delicioso reforço positivo em forma de vibrantes abraços e deliciosos beijinhos. Até aqui aprender é muito divertido!

Por volta dos sete anos de idade a criança inicia seu contato com a professora do Ensino Fundamental, cuja metodologia é bem diferente daquela utilizada pela mãe, por razões óbvias todos sabem. Então os pequeninos ao invés de seguros se sentem envergonhados em errar. Quando acertam recebem no máximo uma estrelinha no caderno. A partir daqui acertar se torna obrigação e o erro um vexame, motivo de reprovação! Depois daqui aprender pode se tornar um fatídico martírio porque a Política Educacional é delineada com essência política genérica mais do que pedagógica e específica.

Realmente é bem complicado ensinar de forma divertida coisas que a maioria dos alunos nunca mais verá na prática fora da sala de aula. Minha professora de matemática que me perdoe, mas para que serve a raiz quadrada para um teólogo e psicanalista? Qual foi a última vez que você usou raiz quadrada fora da sala de aula? Quanta vergonha e quanto esforço para se aprender algo que os vocacionados às ciências humanas nunca mais irá usar.

Na frança, por exemplo, o aluno do Ensino Fundametal faz as disciplinas básicas e escolhe no Ensino Médio a ênfase conforme a carreira que deseja seguir, assim, quem pretende fazer pedagogia ou serviço social não será cobrado em matemática tanto quanto aqueles que escolhem ênfase em economia ou em engenharia, onde a tal da raiz quadrada pode fazer muito mais sentido e ter muito mais utilidade.

No Brasil é diferente porque as autoridades educacionais que determinam o que se irá ensinar nas escolas são, em sua maioria, indicadas politicamente e fazem o que é mais conveniente para sua imagem. Desta forma, tem-se cabos eleitorais leigos em pedagogia como autoridades para delinear os rumos da Educação no Brasil. Nos últimos 12 anos tivemos como Ministros da Educação dois advogados e um engenheiro mecânico. A maioria com especializações em economia e política, com pouco ou nenhum envolvimento com a Pedagogia. Educação é prerrogativa da Pedagogia. Ministro da Educação deveria ser necessariamente um(a)Pedagogo(a).

Os cargos de primeiro e segundo escalão do MEC são compostos por pessoas politicamente indicadas, boa parte tem a missão de manter o score internacional de analfabetismo para recebimento de verbas. Eles estão pouco se lixando para o que se ensina ou se aprende nas escolas.

Não fosse pelos verdadeiros mestres na arte de ensinar: mães-pedagogas-professoras que são o baluarte da Educação no Brasil o estrago seria ainda maior, já que não se elegem Rubem Alves, Paulo Freire ou quem sabe uma Amanda Gurgel, educadores de fato para nortear a educação brasileira, na função de Ministros ou Ministra da Educação.

Na frança, o atual Ministro da Educação Nacional, da Juventude e da Vida Social, Luc Chattel é filho de dois professores, aprofundou-se no método jesuíta de Ensino, graduou-se nas disciplinas báscias com ênfase em Ciências da Gestão. Participou de Conselhos Estudantis, do Sindicato dos Estudantes e chegou a ser o presidente deste sindicato, ou seja, tem vivência positiva com a Educação.


Bem, gostaria muitíssimo que uma daquelas mães-pedagogas-professoras que observei pudesse um dia ser a Ministra da Educação do Brasil. Certamente, a pedagogia do afeto, as lições práticas que ensinam para a vida reclamam mais pedagogos do que advogados, economistas e políticos na gestão da Educação Brasileira. Então, deixar-se-iam de martirizar os alunos com a atual pedagogia da política dos cargos comissionados e valorizaria quem de fato faz a Educação acontecer.
31 de Julho de 2011
Autor: Prof. Chafic Jbeili - www.unicead.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário