domingo, 21 de agosto de 2011

(A) Pais omissos, filhos bandidos.


Prof. Chafic Jbeili – www.unicead.com.br

Dia desses fui à farmácia e estacionei em uma daquelas vagas paralelas. Ao retornar fui avisado pelo flanelinha que o motorista de outro carro “cheio de crianças”, ao manobrar, havia arranhado o para-choque do meu carro e evadido rapidamente do local. Fiquei chateado com o prejuízo, mas agradeci pela oportunidade de refletir sobre o a conduta moral que pais tem instruído e demonstrado, pelo exemplo, a seus filhos.

Logo lembrei: Criança vê, criança faz! O arranhão moral que aquele pai causou na personalidade de seus próprios filhos é, no mínimo, mil vezes maior e mais caro do que o arranhão deixado no para-choque do meu carro. As crianças ouviram o barulho, provavelmente se assustaram e certamente aprenderam pelo exemplo o que fazer quando cometer um erro, ou seja, fugir em silêncio, pois a “esperteza” é melhor do que a “integridade”. Será?

Sabe-se que bandido não é somente aquele que rouba, assalta ou mata com a intenção de fazê-lo, mas é também todo aquele que “sem-querer” faz o outro sofrer qualquer tipo de prejuízo material, financeiro ou emocional sem, contudo, apresentar-se assumindo o erro e se dispondo a repará-lo de alguma forma, ainda que com um pedido de desculpas. Errar é humano, inerente à vida e amplamente perdoável, claro! Eximir-se do erro é bandidagem.

Nenhum sujeito nasce moralmente íntegro. A integridade é algo que a criança aprende pelo exemplo e se desenvolve com o diálogo no seio familiar, social e escolar onde imperam os melhores valores facilitadores da urbanidade e da vida social. A família corrompida gera membros corruptos e corruptores. A família de bem gera membros de bem! De tão espertos, parece haver mais crianças capazes de conduzir automóveis do que adultos capazes de conduzir filhos. Sou a favor da instituição oficial de “habilitação parental” para gerar e educar filhos.

É comum ver crianças brincando e destruindo coisas, suas e dos outros. Isso faz parte de seu crescimento e em sua arte, brincadeiras e jogos a criança desenvolve suas habilidades criativas e psicomotoras, mas os eventuais prejuízos causados a outrem enquanto treinam suas habilidades deveriam ser melhor explorados pelos pais para desenvolver também a integridade moral de seus filhos. Ofendeu, pede desculpas! Quebrou, pagou! Simples assim!

Invariavelmente, crianças brincando nas ruas, em condomínios ou em clubes acabam destruindo “sem-querer” vidraças, plantas, galhos de árvores, arranham carros com o guidão da bicicleta, amassam placas ou quebram todo tipo de coisas, mas infelizmente são incentivadas pelo exemplo e educação que recebem da família a agirem como ratos, protótipos de banidos, “espertos” ao invés de pessoas de bem. Fazem o mal feito e sorrateiramente fogem, se escondem dentro de casa e, sob a proteção dos pais omitem, mentem e não assumem o que fizeram.

Bandido atrai bandido gerando outros bandidos. Eles se agrupam e comportam-se como verdadeiras gangues mirins, onde os comparsas dão cobertura ao mal feito do outro e, além de não assumirem seus erros, são compelidos e treinados a acobertar o erro dos outros. Por isso, não aprendem o poder que a retratação tem sob o pilar da integridade em sua autoestima, desenvolvendo pessoas com ótima destreza psicomotora, mas socialmente nocivas.

Pela árvore se conhecem os frutos!  Depois da anomalia psiquiátrica, a maior produtora social de genuínos bandidos é a própria família, em especial a família constituída por outros bandidos, não somente os tradicionais fora-da-lei mas, sobretudo, por pessoas destituídas de amor, de fé, sem princípios e valores morais consistentes, com importância ética corrompida e sem qualquer compromisso social maior, a não ser com sua própria astúcia.

A nova geração de bandidos advém de princípios familiares inadequados cuja aplicação de regras, quando existentes, é confusa, injusta e de dinâmica indisciplinada. Neste contexto de indisciplina, falta de regras e confusão dos papéis familiares impera absurda a omissão dos pais, que estão e permanecem omissos, sem voz ativa, sem moral e sem autoridade ou porque não sabem realmente o que fazer ou porque são extremamente permissivos, causando mais o mal que tentam prevenir do que o bem que almejam em seus corações.

Educar filhos exige mais do que boas intenções. Exige exemplos constantes e efetivos de como uma pessoa de bem se comporta nas mais variadas situações da vida. Os maiores inimigos das crianças e, por conseqüência, da sociedade é, depois da doença psiquiátrica, a omissão permissivista dos pais na educação de seus filhos.

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