Você já parou para pensar na razão da existência da dor, do sofrimento, em nossas vidas?
Talvez num daqueles
momentos de extrema angústia, em que o coração parece apertar forte,
você tenha pensado em Deus, na vida, e gritado intimamente: por quê?!
Os benfeitores espirituais vem nos esclarecer que a dor é uma lei de equilíbrio e educação.
Léon Denis, reconhecido
escritor francês, em sua obra "O Problema do Ser, do Destino e da Dor",
esclarece que o gênio não é somente o resultado de trabalhos seculares; é
também a apoteose, a coroação de sofrimento.
De Homero a Dante, a Camões, a Tasso, a Milton, todos os grandes homens, como eles, têm sofrido.
A dor fez-lhes vibrar a
alma, inspirou-lhes a nobreza dos sentimentos, a intensidade da emoção
que souberam traduzir com os acentos do gênio, e que os imortalizou.
É na dor que mais sobressaem os cânticos da alma.
Quando ela atinge as
profundezas do ser, faz de lá saírem os gritos sinceros, os poderosos
apelos que comovem e arrastam as multidões.
Dá-se o mesmo com todos
os heróis, com todas as pessoas de grande caráter, com os corações
generosos, com os espíritos mais eminentes. Sua elevação mede-se pela
soma dos sofrimentos que passaram.
Ante a dor e a morte, a
alma do herói e do mártir revela-se em sua beleza comovedora, em sua
grandeza trágica que toca, às vezes, o sublime, e o inunda de uma luz
inapagável.
A história do mundo não é
outra coisa mais que a sagração do espírito pela dor. Sem ela, não pode
haver virtude completa, nem glória imperecível.
Se, nas horas da
provação, soubéssemos observar o trabalho interno, a ação misteriosa da
dor em nós, em nosso "eu", em nossa consciência, compreenderíamos melhor
sua obra sublime de educação e aperfeiçoamento.
A dor é um dos meios de
que Deus se utiliza para nos chamar a Si e, ao mesmo tempo, nos tornar
mais rapidamente acessíveis à felicidade espiritual, única duradoura.
É, pois, realmente pelo amor que nos tem que Deus envia o sofrimento.
Fere-nos, corrige-nos
como a mãe corrige o filho para educá-lo e melhorá-lo; trabalha
incessantemente para tornar dóceis, para purificar e embelezar nossas
almas, porque elas não podem ser completamente felizes, senão na medida
correspondente às suas perfeições.
A todos aqueles que perguntam:
para que serve a dor? A sabedoria divina responde:
para polir a pedra, esculpir o mármore, fundir o vidro, martelar o ferro.
***
A dor física é, em geral,
um aviso da natureza, que procura preservar-nos dos excessos. Sem ela,
abusaríamos de nossos órgãos até o ponto de os destruirmos antes do
tempo.
Quando um mal perigoso se
vai insinuando em nós, que aconteceria se não lhes sentíssemos logo os
efeitos desagradáveis? Ele nos invadiria cada vez mais, terminando por
secar em nós as fontes de vida.
É assim que, em nosso mundo, para o nosso crescimento, a dor ainda se faz necessária.
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