quarta-feira, 23 de maio de 2012

(A) O poder da organização pessoal


A organização pessoal é a habilidade de manter a ordem e seguir com facilidade sequências planejadas de ações.
Apesar de vermos a auto-organização somente como algo relacionado ao mundo físico, como a organização básica do local em que vivemos e trabalhamos, por exemplo, a organização pessoal se expande ainda para os níveis mental e emocional (explico mais sobre esses três níveis de organização em meu livro Planejamento Estratégico Pessoal).

A organização física, ou seja, a capacidade de se manter organizado com seus objetos, sua papelada e seus compromissos, é apenas a ponta do iceberg da organização interna. Nosso mundo mental e emocional impacta com muito mais força a nossa capacidade de organização na vida cotidiana do que qualquer técnica puramente física para ordenação dos compromissos e objetos pessoais.
A ansiedade, por exemplo – problema que nasce na desorganização mental e se expande para o nível emocional -, impacta diretamente a capacidade de manter o cotidiano físico organizado e os compromissos em dia.
A tendência à dispersão também é um hábito que começa na mente e afeta a capacidade de manter a continuidade nos planos, de prestar atenção no aqui e agora e mesmo de cumprir as metas mais simples com pontualidade.
Vamos aprofundar mais cada um desses problemas em artigos futuros. Hoje, vamos continuar avaliando como a auto-organização (ou falta dela) impacta a excelência pessoal.

A ORGANIZAÇÃO PESSOAL E A EXCELÊNCIA

O comportamento excelente é uma postura pessoal de dar tudo de si para obter os melhores resultados possíveis. A desorganização pessoal, porém, é como uma grande pedra no sapato que impede a pessoa de conseguir caminhar com desenvoltura. Mesmo as melhores intenções, o senso de competitividade e a vontade de crescer, melhorar e mostrar serviço são boicotados por características pessoais que afetam a capacidade de terminar metas em dia e manter a linearidade e a prioridade nos projetos.
O desenvolvimento da organização pessoal, assim como de qualquer outra potencialidade, começa com um diagnóstico prolífico e sincero que visa identificar quais são os problemas básicos que causam as consequências que são visíveis no dia a dia – no caso, a dificuldade para se manter organizado. Observe que a falta de auto-organização não é “o problema” em si, mas só uma consequência de dificuldades internas que provocam as reações que são vistas como desorganização. Na prática, os problemas de organização estão ligados à capacidade interna de priorizar, concentrar-se em tarefas sem se dispersar, manter a pontualidade e dar continuidade aos planos. Isso tudo é um problema de organização mental em primeiro lugar.
A desorganização física, ou seja, a desarrumação de objetos, papéis e “coisas” em geral, é a parte mais grosseira e facilmente consertável da organização pessoal e geralmente se “autoconserta” quando os problemas internos são resolvidos.
Agora, para resolver esses problemas internos não há nenhuma fórmula mágica ou “dica” rápida. Esses problemas são causados primeiramente por dificuldades na priorização e, como você sabe, priorização é uma questão de vontade e vontade é basicamente uma questão de vergonha na cara! É como se disciplinar para acordar cedo. Se você não tem vontade e não precisa acordar cedo por uma obrigação externa, você continua na cama e é preciso uma boa dose de vergonha na cara para superar a preguiça e a vontade de ficar deitado para conquistar esse tipo de disciplina! Por mais simples e ordinária que essa ideia seja, se você parar para pensar você chegará à mesma conclusão. Alguns me respondem com o aquele mantra velho “mas é que não é fácil, né!” Pois é, enfrentar o “difícil” é justamente uma questão de vergonha na cara, não é?! Se sempre procuramos o caminho mais fácil, não temos como negar que a escolha é nossa.
A tendência à dispersão também é resultado da vontade mal direcionada, pois a pessoa se dispersa porque quer, porque ela tem vontade de fazer outras coisas e não o que ela deve fazer naquele momento. Nesse caso também, vergonha na cara é a única solução, pois não há técnica nenhuma que o obrigará a fazer algo que você não quer fazer, só porque você não quer! Afinal de contas, todos nós somos livres para fazermos o que bem quisermos, não somos? Se escolhemos ficar na frente da TV quando sabemos que deveríamos estar fazendo qualquer outra coisa “mais difícil”, a responsabilidade é nossa. Ninguém aponta uma arma para nossa cabeça e diz: “hoje você vai sentar bonitinho aí no sofá e ficar assistindo novela até a hora de ir dormir!” Pois é, então se temos total poder sobre nossas ações, por que não fazemos o que sabemos que precisamos fazer?
Por mais que tentemos dourar a pílula fazendo a razão parecer “fora do nosso controle”, a verdade é que a organização pessoal começa com a vontade própria e a disposição de fazer o que precisa ser feito. Só depois disso é que entram todas as técnicas e sistemas que estruturam a “arrumação” das coisas e a execução dos planos. Sair por aí procurando “dicas para se organizar” sem que você tenha força de vontade para colocar tudo em prática é como colocar a carruagem na frente dos bois.


Fran Christy é formada em administração de empresas com especialização em planejamento estratégico. Fran vive em Seattle, EUA, é fundadora do Excellence Studio e escreve sobre desenvolvimento pessoal, produtividade e estratégias de vida. Website pessoal da autora: http://www.vivendointensamente.com.br

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