segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

(A) A importância do superego na redução da criminalidade.

Prof. Chafic Jbeili - Psicanalista e psicopedagogo - www.unicead.com.br

Estive pensando sobre os aforismos que utilizamos ao expressar a necessidade de determinar limites às crianças para que sejam educadas enquanto seres sociais, conforme expectativas de pais e da sociedade. Encontrei muitas frases eloquentes sobre o assunto, mas muitos adágios são meras abreviações simplistas de reflexões mais complexas, sem qualquer efeito prático imediato mais significativo na educação da garotada. Frases prontas são muito pouco capazes de estimular comportamento mais virtuoso em quem as lê ou as ouve e são tão inúteis na educação de crianças quanto um casulo vazio se torna para as esvoaçantes e agitadas borboletas.

Frases como “eduquem as crianças para que não seja preciso punir os homens” não têm qualquer serventia didática para pais que mal entendem seus papéis na família, muito menos explica o que se quis dizer com “educar” sem que haja um contexto específico como pano de fundo. Duas ou mais pessoas que resolverem interpretar o que significa “educar” já será o suficiente para embaralhar ainda mais aquilo que já anda tão atrapalhado na cabeça de pais, educadores, legisladores, governantes e juízes.

Cada instância da sociedade entende e sabe para si somente o significado de “educar”. O conceito de educar para a família pode não atender as necessidades de educar de outra família, da escola, da igreja ou do Estado, sendo inútil generalizar o que seja educar para todos esses importantes grupos. Cada tentativa de explicação demanda ações personalizadas e diferenciadas para o ato de educar um filho, um aluno, um clérigo, um colaborador ou um cidadão para que se comporte dignamente em diferentes grupos sociais.

Cada grupo, a começar da família, deveria educar seus membros para o convívio harmonioso entre si e prepará-los para o convívio produtivo com os demais grupos que ingressará ao longo da vida, ajudando-se mutuamente na complexa tarefa de formar pessoas de bem para o bem das pessoas. Isso sim seria desenvolver humanidade em animais racionais para que as “coisinhas lindas da mamãe” não se tornem “bestas sociopatas”.

Frases prontas como a que citei em parágrafo anterior não explica o ato de educar, tornando-se exclusivamente eufemismo da seguinte mensagem subliminar: “se o seu filho for punido um dia é porque você não soube educá-lo” ou “se seu aluno não for nada na vida é porque você não soube ensinar como convém”. Não se deve dizer isso para ninguém, pois a culpabilização de um grupo acaba eximindo outros grupos sociais da responsabilidade conjunta no desenvolvimento integral da pessoa.

Cada grupo tem sua ênfase sobre a educação integral do sujeito social sem, contudo, eximi-lo da própria parte que lhe cabe nesse difuso processo. Quando um grupo falha os demais grupos perdem qualidade na interação de seus membros. Quando a família falha acaba sobrecarregando a escola; e se a escola sobrecarregada falhar, então a sociedade poderá ganhar marginais, delinquentes, homicidas e toda sorte de bandidos que a igreja tentará converter e o Estado, sem qualquer sucesso, tentará prender e “resocializar” utilizando-se de jaulas administradas por sistema prisional corruptível e malévolo. Até pandas e tigres de bengala conseguem em zoológicos ambientes propícios à sua readaptação e usufrui de meios dignos de subsistência.

De quem é a culpa? Se for aflorar sentimento de culpa em alguém, então esteja apto a deslocar tal sentimento para atividades produtivas, geradoras de mudança positiva de comportamento. Troque a intenção de conceituar com frases prontas aquilo que é tão personalíssimo quanto indescritível, como é de fato o ato de educar, e opte por sugerir ações práticas mais eficazes como, por exemplo, a formação e desenvolvimento do superego saudável nas crianças. Pelo menos, sabe-se que o sujeito disciplinado e obediente aprende melhor e vive mais... (continua no site UNICEAD, menu "Artigos")

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