domingo, 19 de fevereiro de 2012

(A) Tratamento do Transtorno Bipolar - Parte I:

O transtorno bipolar é um quadro complexo caracterizado por episódios de depressão, mania ou hipomania e fases assintomáticas. O tratamento visa ao controle de episódios agudos e prevenção de novos episódios. O tratamento farmacológico iniciou-se com o lítio. Até o momento, o lítio permanece como o tratamento com mais evidências favoráveis na fase de manutenção. Outros tratamentos demonstram eficácia nessa fase, como o valproato, a carbamazepina e os antipsicóticos atípicos. Dos antipsicóticos atípicos o mais estudado nesta fase do tratamento é a olanzapina. Mais estudos prospectivos são necessários para confirmar a ação profilática de novos agentes.
O transtorno bipolar é um transtorno crônico e complexo caracterizado por episódios de depressão, mania ou hipomania de forma isolada ou mista. O tratamento do paciente eutímico deve sempre considerar a possibilidade de o paciente vir a ter episódios de mania e/ou depressão. A eutimia, usualmente, é definida como a remissão dos sintomas, entretanto, idealmente, seria o período no qual o paciente não apenas estaria sem sintomas, mas (re)integrado funcionalmente em suas atividades de rotina. O objetivo do tratamento, portanto, é manter o paciente sem sintomas. Assim, a meta principal do tratamento é a remissão e não apenas a resposta clínica (redução de 50% dos sintomas observados), que é comumente usada como medida de desfecho nos ensaios clínicos.
O tratamento do transtorno bipolar é dividido em três fases: aguda, continuação e manutenção. Os objetivos do tratamento da fase aguda são: tratar mania sem causar depressão e/ou consistentemente melhorar depressão sem causar mania. A fase de continuação tem como meta: estabilizar os benefícios, reduzir os efeitos colaterais, tratar até a remissão, reduzir a possibilidade de recaída e aumentar o funcionamento global. Finalmente, os objetivos do tratamento de manutenção são: prevenir mania e/ou depressão e maximizar recuperação funcional, ou seja, que o paciente continue em remissão.
O surgimento de sintomas na fase de continuação constitui-se em uma recaída enquanto que, se acontecesse na fase de manutenção, seria uma recorrência. Embora na maior parte do tempo o tratamento clínico do transtorno bipolar ocorra durante a fase de manutenção, existem poucas evidências empíricas para orientar que drogas deveriam ser utilizadas para manter a eutimia. Quando o paciente responde ao tratamento instituído na fase aguda, as mesmas drogas usualmente continuam a ser utilizadas no tratamento profilático.
O uso de antidepressivos e antipsicóticos na fase de manutenção do transtorno bipolar é bastante comum na prática clínica, entretanto a literatura contém poucos dados sobre a eficácia e segurança dessas drogas no tratamento de longo prazo desses pacientes. Entretanto, muitas questões relativas ao tratamento da fase de manutenção ainda não foram respondidas por meio de estudos com o nível de segurança científica adequado. Portanto, quando não existirem estudos com maior poder científico, opiniões de experts e estudos abertos serão usados como referência.
Em muitos ensaios clínicos, há uma ênfase excessiva em significância estatística em detrimento do que aquele achado representa em termos de melhora clínica do paciente. Assim, a leitura dos dados aqui apresentados deve ser contextualizada dentro desse prisma. O ideal da medicina baseada em evidências seria que a decisão clínica fosse a união da evidência baseada em pesquisa mais os fatores individuais do paciente. Entretanto, outros fatores influenciam na decisão clínica da prescrição medicamentosa: experiência prática com a droga; doses mais fáceis de serem administradas; monitoramento do tratamento mais fácil ou difícil; custos do medicamento e familiaridade com a droga.

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