domingo, 19 de fevereiro de 2012

(A) Transtornos do Sono - Parte I

Tipos:
Há quatro formas básicas de transtornos do sono. 1) Os primários, por não derivarem de nenhuma causa externa, originando-se no próprio indivíduo: são divididas em dissonias (insônia e hipersonia) e as parassonias (sonambulismo, terror noturno, pesadelos). 2) Os decorrentes de transtornos psiquiátricos como a ansiedade, depressão, psicoses, mania, etc. 3) Os decorrentes de transtornos físicos em geral como qualquer condição física que prejudique o sono: falta de ar, dores, desconfortos. 4) Os devidos a medicações ou outras substâncias que possam prejudicar o sono.
Os distúrbios de sono mais comuns são a insônia, a apnéia obstrutiva do sono e a síndrome das pernas inquietas. São comuns também o sono insuficiente e o atraso de fase de sono.
A Apnéia Obstrutiva do Sono caracteriza-se pela obstrução da via aérea ao nível da garganta durante o sono, levando a uma parada da respiração, que dura em média 20 segundos. Após esta parada no fluxo de ar para os pulmões, o paciente acorda, emitindo um ronco muito ruidoso. A apnéia obstrutiva do sono pode ocorrer várias vezes durante a noite, havendo pacientes que apresentam uma a cada um ou dois minutos. Durante a apnéia, a oxigenação sangüínea pode cair a valores críticos, expondo o paciente a problemas cardíacos. A apnéia obstrutiva do sono ocorre em cerca de 5% da população geral e em 30% dos indivíduos acima dos 50 anos de idade, sendo também mais comum em homens.
A Síndrome das Pernas Inquietas é a mais comum das doenças do sono, da qual poucos ouviram falar. Afeta cerca de 7% da população e se caracteriza principalmente por uma sensação desagradável nas pernas, profunda, nos ossos às vezes, como se fosse uma coceira ou friagem, choque, formigamento, e eventualmente dor. Estes sintomas são acompanhados de uma sensação de angústia e imensa necessidade de mover as pernas, ou ainda massageá-las, alongá-las ou mesmo espancá-las em algumas situações. Os sintomas ocorrem principalmente na hora de se deitar, mas podem ocorrer em qualquer momento em que o indivíduo fica parado (sentado ou deitado), seja para descansar ou qualquer outra atividade que não exija movimentos. Os sintomas da síndrome das pernas inquietas podem ser tão intensos que o paciente não consegue iniciar o sono. As pessoas que sofrem da síndrome das pernas inquietas (SPI) têm uma sensação de desconforto (arrepio, queimação, coceira ou picada) nas pernas quando estão descansando por longos períodos, especialmente à noite. Os movimentos involuntários das pernas acabam interferindo no sono.
O que você pensaria se alguém dissesse que tem a sensação de que há algum besourinho andando pelos músculos das pernas enquanto tenta dormir? Essa sensação pode estar relacionada à síndrome das pernas inquietas (SPI).
Mexer as pernas parece ajudar a aliviar o desconforto, mas isso frequentemente acorda a pessoa. E isso, é claro, acaba levando à fadiga durante o dia.
Também se pode suspeitar da SPI nos casos descritos a seguir:
- crianças que têm “dores do crescimento”, ou as hiperativas;
- gestantes, especialmente as que estão no último trimestre;
- pessoas com histórico familiar de SPI;
- pessoas com deficiência de ferro;
- pessoas com anemia, diabetes, insuficiência renal ou artrite reumatóide.
A melhora da SPI pode ocorrer com exercícios regulares e redução do consumo de cafeína. Mais freqüentemente, a SPI é tratada com medicamentos controlados e técnicas de relaxamento.
A insônia é a forma mais comum dos transtornos do sono, mas dependendo da pessoa, de suas predisposições naturais, as tensões podem se manifestar de outras maneiras, até como enurese noturna (urinar na cama), o que não é comum. Os transtornos primários do sono costumam ser tratados com medicações, além de uma série de procedimentos de acordo com cada caso. Já nos tipos 2, 3 e 4 deve-se tratar primeiro a causa; não havendo sucesso pode-se recorrer à medicação indutora do sono.
O que é a insônia?
É a condição de quantidade ou qualidade insatisfatória de sono que persiste durante mais de um mês. Há três formas básicas de insônia: a do início, a do meio e a do fim do sono, sendo a primeira a mais comum. As mulheres, pessoas de vida estressante e os idosos são os mais atingidos. Quando a insônia é experimentada repetidamente, ela pode levar a um aumento do medo de falta de sono e uma preocupação com suas consequências. Isso cria um círculo vicioso que tende a perpetuar o problema do indivíduo. A insônia é simplesmente a dificuldade de iniciar o sono, mantê-lo continuamente durante a noite ou o despertar antes do horário desejado. Estes episódios de insônia podem estar relacionados a vários fatores, e são bastante individuais: expectativas (viagem, compromissos, reuniões, prova, etc.), problemas clínicos, problemas emocionais passageiros, excitação associada a determinados eventos. Mas pode tornar-se crônica e provocar muito sofrimento ao longo dos anos.
Quais os fatores que levam à insônia?
A insônia está associada a múltiplos fatores e muitas vezes estão somados em um mesmo paciente. Algumas pessoas apresentam estruturalmente maior propensão à insônia (são os fatores predisponentes), e quando expostas a condições de estresse, doenças ou mudança de hábitos, desenvolvem episódios de insônia (fatores precipitantes). Estes episódios de insônia podem se perpetuar, principalmente porque o paciente tende a associar suas dificuldades de dormir a uma série de comportamentos: esforço para dormir, permanência na cama só para descansar, elaboração de pensamentos e planejamentos na hora de dormir, atenção a suas preocupações, atenção a fenômenos do ambiente, como ruídos e pessoas que estão dormindo, havendo sempre uma hipervalorização destes fatos, o que realimenta a insônia.
Generalidades:
Frequentemente os pacientes com insônia querem enfrentar a insônia se automedicando ou tomando bebidas alcoólicas, conduta que por si já pode trazer Frequentemente esta pessoa tem vários problemas, como a dependência da substância usada, além de mais insônia. As noites mal dormidas podem gerar dores físicas pela manhã, cansaço mental ao longo do dia, tensão emocional, irritabilidade, preocupações consigo próprios. A importância de se buscar o médico para tratar a insônia, está, antes de tudo, determinar as causas possíveis; e ao se tomar um indutor do sono, que se faça sob supervisão porque a maioria dessas medicações pode levar à dependência, se tomada erradamente.
Tratamento:
O primeiro passo para se tratar a insônia é pôr ordem na própria vida, não dormindo durante o dia, mesmo que tenha acordado cedo demais, praticando esportes regularmente, não tomando mais do que cinco xícaras de café ao dia, não tomando café após as 16:00h (bem como as demais substâncias que contêm cafeína). Evitando atividades excitantes antes de dormir como exercícios pesados ou filmes tensos, cuidando da alimentação, procurando atividades tranquilas antes de dormir, como a leitura. Não lutar contra a insônia: caso não consiga dormir em 30 minutos, levantar-se da cama e procurar uma atividade leve até que o sono chegue sem aborrecer-se com a hora ou com a necessidade de descansar.
Tendo os procedimentos falhado pode se passar para a tentativa de resolver o problema com medicações. Os hipnóticos clássicos (benzodiazepínicos) não resolvem casos demorados: devem ser dados por prazos de até dois meses. Hipnóticos não benzodiazepínicos podem atuar por mais tempo, mas após um ano deixam de ser tão eficazes. Várias outras medicações, como os anti-histamínicos podem ser tentadas: isso dependerá de cada médico.
O que é o terror noturno?
Num episódio de terror noturno o indivíduo grita movimentando-se bruscamente numa atitude de fuga. O indivíduo pode sentar-se, levantar ou correr para a porta do quarto, como que tentando escapar, aterrorizado, sem poder lembrar-se com o quê. O episódio costuma acontecer na primeira terça parte da noite. Logo após o grito, apesar de aparentemente acordado o indivíduo ainda está numa espécie de transição entre o sono e a vigília. Tentativas de comunicação podem não ser bem sucedidas. O ideal é manter-se calmo e observar a pessoa, para que ela não se fira em sua transitória confusão mental, nos primeiros minutos após o episódio.
Os terrores noturnos (também chamados de terrores do sono) são momentos assustadores em que a pessoa grita, chora e até pula da cama quando ainda está totalmente adormecida. Esses episódios podem ser muito desagradáveis para as pessoas que estiverem próximas e podem até resultar em ferimento em alguém. A pessoa pode acordar somente depois de ter ocorrido o incidente e não se lembrar de nada.
Como o sonambulismo e os terrores noturnos ocorrem durante uma dase do sono em que, a pessoa pode se movimentar livremente enquanto está tecnicamente dormindo. Os terrores noturnos geralmente são confundidos com pesadelos, mas não são a mesma coisa.
Aproximadamente, 3% dos adultos e 15% das crianças e adolescentes têm terrores noturnos. Acredita-se que os terrores noturnos ocorrem quando há uma interrupção no sistema nervoso, frequentemente causada por estresse, privação do sono ou quando se dorme em um ambiente estranho.
Alguns especialistas do sono acreditam que o sonambulismo e os terrores noturnos são duas manifestações do mesmo transtorno, sendo o sonambulismo a forma mais moderada, e os terrores noturnos, a mais grave. Nas crianças, esse transtorno normalmente desaparece quando crescem. O tratamento para terrores noturnos em adultos pode incluir as mesmas abordagens usadas para adultos sonâmbulos: medicamentos controlados, hipnoterapia, psicoterapia e técnicas de controle do estresse.
Embora os terrores noturnos possam interromper o sono, algumas pessoas têm mesmo dificuldade para conciliar o sono.
Como se caracteriza?
O aspecto central é o despertar parcial com grito aterrorizado e a expressão de intenso medo, podendo estar com o coração acelerado, respiração ofegante, sudorese abundante e pupilas dilatadas. Entre o grito e o restabelecimento passam em média dez minutos, durante os quais o indivíduo não responde aos apelos externos. As recordações dos sonhos, quando existem, são fragmentadas. Após o episódio o indivíduo pode voltar a dormir novamente, sem despertar nem se recordar do que houve.
O que é o sonambulismo?
É a alteração, numa determinada fase do sono, que permite a pessoa realizar atos num estado intermediário entre o sono e a vigília (estar plenamente despertado). Ao ser interceptada num episódio de sonambulismo, a pessoa claramente mostra não estar consciente de tudo que se passa a seu redor, apesar de realizar pequenas tarefas como andar, vestir-se, sentar-se, olhar. Para muitas pessoas, o sonambulismo invoca a cena de algum filme de Hollywood, onde o sonâmbulo, de olhos vidrados e braços estendidos para frente, caminha ereto, como um monstro, sem noção de suas ações. Embora o filme dramatize o transtorno real do sonambulismo, algumas características coincidem. Por exemplo, os sonâmbulos parecem acordados (seus olhos ficam abertos), mas estão na fase mais profunda do sono (quarto estágio). Eles podem andar por entre os móveis e objetos e, em alguns casos, até executarem tarefas básicas, como abrir portas. E podem resistir se forem impedidos.
Pesquisadores acreditam que o sonambulismo tem uma ligação genética e resulta de um desenvolvimento incompleto do cérebro em certos indivíduos. Estresse, febre, privação do sono e epilepsia são causas conhecidas de sonambulismo. O sonambulismo parece ser mais comum entre crianças. Aproximadamente, de 10 a 15% das crianças com idade entre 5 e 12 anos têm pelo menos um episódio de sonambulismo na vida.
Na maioria dos casos, o sonambulismo desaparece após a adolescência. O tratamento para crianças mais velhas e adultos pode incluir uma variedade de medicamentos, bem como hipnoterapia. Adultos sonâmbulos podem estar sofrendo de transtorno de estresse pós-traumático ou outra doença psiquiátrica que pode necessitar de tratamento com medicamentos controlados, hipnoterapia, técnicas de controle do estresse e psicoterapia.
Como o sonambulismo, o terror noturno também atormenta as pessoas quando estão completamente adormecidas.
Como se apresenta?
Usualmente ocorre nas primeiras horas de sono podendo durar de alguns segundos a poucos minutos. Durante o episódio o paciente mostra-se apático, estabelecendo pouco contato com o meio, parecendo não reconhecer as pessoas familiares. Sendo questionada verbalmente as respostas são desconexas e murmuradas. Raramente realiza um procedimento mais elaborado como trocar de roupas ou urinar no local adequado. Como a atenção não está em seu nível normal, o sonâmbulo pode ferir-se com objetos em seu caminho.Quando está em ambiente familiar poderá andar, descer escadas e até pular janelas sem machucar-se. O despertar é difícil nesse momento e quando gentilmente encaminhado de volta para a cama costuma obedecer. Os adultos podem ter reações mais violentas quando abordados, tentando escapar do que julgam ser ameaçador. Na manhã seguinte, usualmente não há recordação do episódio. Não há constatações de que o sonâmbulo quando despertado durante o sonambulismo possa vir a sofrer algum dano.
O que fazer?
Primeiramente tomar as precauções para que a pessoa com sonambulismo não se machuque em seus episódios. Aqueles que são sonâmbulos devem respeitar o ciclo de sono e vigília, pois a privação do sono costuma precipitar episódios sonambúlicos. Não há necessidade de tentar acordar o sonâmbulo durante seu episódio: isto não ajuda em nada, basta esperar que o episódio termine ou encaminhá-lo de volta a seu leito. Nos adultos é recomendável o uso de medicações quando os episódios são frequentes: os remédios mais usados são os benzodiazepínicos e os antidepressivos tricíclicos
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