domingo, 19 de fevereiro de 2012

(A) Tratamento não-farmacológico da Depressão: Psicoterapia.


O tratamento atualmente considerado de primeira linha para a depressão maior aguda não inclui tipicamente a psicoterapia. Contudo, para a depressão crônica, muitos investigadores verificaram que se observavam melhores taxas de resposta quando a terapêutica farmacológica era acompanhada por uma psicoterapia dirigida, a curto prazo. Os resultados preliminares de um estudo envolvendo 662 indivíduos comparando o tratamento com a nefazodona isolada, a psicoterapia isolada ou uma associação das duas foram apresentados em Maio de 1999 na reunião anual da American Psychiatric Association.’ Desses doentes, que apresentavam uma depressão maior crônica ou uma depressão dupla, aproximadamente 55% responderam à medicação ou à psicoterapia isoladas, enquanto que 80% responderam ao tratamento combinado.
A psicoterapia é geralmente iniciada depois do doente ter começado a responder à terapêutica medicamentosa, altura em que o desencorajamento e a negatividade em relação ao tratamento podem ter começado a dissipar-se. Atualmente, as abordagens mais frequentemente usadas são a terapia cognitiva-comportamental ou a terapia interpessoal, sendo ambas abordagens estruturadas durante um período de tempo limitado. Na terapia cognitiva-comportamental, os doentes são ensinados a “desaprenderem” os padrões de pensamento negativos automáticos que desenvolveram. A terapia interpessoal incide principalmente na relação entre o humor e as experiências e déficits interpessoais habituais. Qualquer psicoterapia para um doente com uma depressão crônica, afirmam os especialistas, deve apresentar as seguintes características:
O tratamento deve ser limitado no tempo, consistindo tipicamente em sessões semanais, durante 12 a 24 semanas.
O terapeuta deve apresentar uma razão clara para o tratamento, salientando que certos aspectos da depressão podem ser influenciados pelas atitudes, atividades e padrões de pensamento do doente.
O terapeuta deve ser ativo e direto, ajudando o doente a ultrapassar a passividade e o desespero típicos da doença.
A atenção deve ser focada nos problemas atuais e não na infância e em outras experiências passadas, como acontece na psicoterapia dinâmica tradicional.
Deve ser dado ênfase à alteração do comportamento do doente, de forma a que a situação da vida melhore e a sensação de controle pessoal seja reforçada.
O doente deve aprender a auto-monitorizar o seu progresso, de forma a contrariar a tendência de muitos doentes deprimidos para minimizarem aquilo que conseguiram atingir e as suas melhoras.
A programação regular de “trabalhos de casa” deve fazer parte da terapia, para ajudar o doente a aplicar as lições aprendidas nas sessões de terapia a outras experiências e relacionamentos.
A FAMÍLIA E OS AMIGOS PODEM AJUDAR:
Como a depressão pode fazer com que você se sinta exausto e desamparado, você desejará e provalvemente necessitará de ajuda de outras pessoas. Entretanto, quem nunca sofreu um distúrbio depressivo pode não compreender completamente seus efeitos.
As pessoas não têm a intenção de magoá-lo, mas poderão dizer e fazer coisas que magoam. É interessante que as pessoas que lhe são mais próximas leiam folhetos para que possam compreendê-lo melhor e ajudá-lo.
AJUDANDO AO DEPRIMIDO:
A coisa mais importante que alguém pode fazer por uma pessoa deprimida é ajudá-la a se submeter a um diagnóstico e a um tratamento adequados. É importante encorajá-la a continuar se tratando até que os sintomas desapareçam (após várias semanas), ou a procurar um tratamento diferente, se não ocorrer melhora. Às vezes, pode ser necessário marcar uma consulta e acompanhá-la até o médico, bem como verificar se ela está tomando a medicação corretamente.
A segunda coisa mais importante é oferecer-lhe apoio emocional. Isto envolve compreensão, paciência e encorajamento. Procure conversar com a pessoa deprimida e escute-a com atenção. Não menospreze os sentimentos expressos, porém chame a atenção para a realidade e ofereça esperança. Referências a suicídio são importantes. Devem sempre ser relatadas ao médico. Convide a pessoa deprimida para caminhadas, passeios e outras atividades. Insista delicadamente se seu convite for recusado. Encoraje a participação em atividades que anteriormente lhe proporcionavam prazer, como passatempos, esportes, atividades culturais ou religiosas, porém não a force a assumir rapidamente muita responsabilidade de uma vez. O deprimido necessita de distração e companhia, porém cobrar demais dele pode piorar-lhe a sensação de fracasso. Não acuse o deprimido de se fingir de doente ou de ser preguiçoso, nem espere que ele melhore de uma hora para a outra. Com o tempo e tratamento adequado, a maioria das pessoas com depressão melhora. Tenha isto em mente e procure reafirmar à pessoa deprimida que, com o tempo e ajuda, ela se sentirá melhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário