Humildade e um senso realista são fundamentais para o bom autoconhecimento.
Quem não se conhece, não consegue progredir, pois não sabe o que deve consertar
em si mesmo para atingir melhores resultados. Não conhecer a si mesmo é a fonte de
toda a frustração, confusão, baixa autoestima e falta de autoconfiança que as
pessoas enfrentam. Elas têm uma ideia específica de quem são e do que esperam
conseguir na vida, mas como elas não são o que pensam ser e consequentemente não
conseguem atingir suas próprias expectativas, elas ficam confusas e frustradas, sem
saber o que está errado. Tudo isso começa por não se conhecer direito e pensar que
é uma pessoa diferente.
A pessoa que "sofre" de burrice - ou, de uma forma mais educada, de "falta de
perspicácia" - é ainda mais confusa e frustrada, pois sua linha de raciocínio é muito
superficial, muito simplista, ela não consegue ir a fundo em nada, analisar-se de forma
complexa, compreender profundamente seus problemas e fazer um levantamento de
soluções. Qualquer que tenha sido a causa desse comportamento, o fato é que ela se
comporta como uma criança dependente mesmo na vida adulta. Ela espera que as
oportunidades apareçam, espera que os outros a ajudem, espera que digam para ela
exatamente como ela deve fazer tudo na vida detalhadamente (porque ela é incapaz
de "adivinhar" qualquer coisa). Devido à sua preguiça mental, ela tem dificuldade com
uma série de coisas, de tecnologia a atividades que requerem complexidade de
raciocínio, como solução de problemas, produção de textos, criatividade, entre outras.
É essa pessoa que compra livros de autoajuda e depois diz que o "livro não funcionou".
Ela espera que o livro funcione como uma aspirina: ela toma (lê) e o livro deve, então,
"fazer efeito", ou seja, funcionar e resolver o problema dela. Inconscientemente, é
isso que ela espera. É engraçado como essas pessoas costumam disparar frases como
"Esse livro não tem nada de novo, eu já vi tudo isso aqui antes". Hum, viu? Então por
que sua vida ainda não mudou? Aí ela vem com os mantras clássicos: "É que não é
fácil, né?"; "É fácil falar". É aquela velha história: para bom entendedor, meia palavra
basta, mas para o mau entendedor... nada adianta. Nem um livro inteiro, uma
enciclopédia, um curso de imersão de uma semana inteira, nada resolve. O mau
entendedor escuta, lê, discute, vê e, no final das contas, não entende nada. Aí ele
culpa o livro, o instrutor ou o fato de que o resultado "não é fácil".
Ele fica sempre com aquela pergunta em mente: "mas o que é que eu devo fazer?" Sua
passividade o impede de ler nas entrelinhas e "sacar" o que ele deve fazer sem que
alguém lhe dê instruções passo-a-passo, literais, o que, na maioria das vezes,
simplesmente não é o caso, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento
pessoal. Cada um tem que descobrir "o que fazer" sozinho, pois as necessidades
mudam de uma pessoa para outra.
O que EU devo fazer para crescer pessoalmente é diferente do que VOCÊ deve fazer,
por isso, ninguém pode lhe dizer o que VOCÊ deve fazer. Cabe à você mesmo tirar
suas próprias conclusões. Livros de auto-ajuda devem ter apenas o objetivo
de prover insights que ajudam o leitor a chegar a conclusões sobre suas próprias
questões mais rápido e com mais clareza. A pessoa que não tem o hábito de refletir
profundamente sobre seus próprios problemas e tirar suas próprias conclusões fica
esperando que alguém lhe diga exatamente o que ela deve fazer. Como isso nunca
acontece, ela jamais sai do lugar.
Pois é, nada é fácil na vida, isso é verdade, mas gente perspicaz e proativa, que corre
atrás do que quer, não está nem aí para a dificuldade do que quer que seja. É gente
que vai lá e faz, ponto final. Quem fica preso no "isso não é fácil" são exatamente
aqueles que sofrem de preguiça mental e de falta de proatividade.
Você pode estar se perguntando: "Mas tem que chamar de burro?".
Por que eu não uso um termo mais "politicamente correto", por que burro, uma palavra
tão... agressiva?
As pessoas com frequência admitem problemas como falta de atenção, preguiça
mental e dificuldade em raciocinar, o que, no fundo, é burrice mesmo, mas devido a
essa permissividade que herdamos do sistema educacional, as pessoas não percebem
o quanto isso é serio! Elas não percebem que são essas coisinhas de nada, que
parecem ser tão insignificantes como esquecer objetos e dados, se confundir, "olhar e
não ver", não observar detalhes, enfim, elas não compreendem que é justamente esse
probleminha a MAIOR pedra em seu caminho!
Se a pessoa realmente vestisse a carapuça e se encaixasse na descrição de "burro"
que apresento aqui, ela ficaria chocada, afinal de contas, até agora, ela achava que
essas coisinhas de nada não eram grande coisa e que os motivos pelos quais ela ainda
não "chegou lá" ou fica só patinando no molhado na vida são outros. Dificilmente a
pessoa percebe que algo aparentemente tão insignificante como seu baixo nível de
atenção, esquecimento e passividade pode ser a real causa de seus problemas na
vida, principalmente de ordem profissional.
Quando a pessoa finalmente reconhece que tem feito burrices na vida como resultado
desse comportamento leviano e preguiçoso, ela tem um desejo imediato de mudar,
afinal de contas, ninguém quer ser burro! Se eu utilizasse outro termo, mais brando,
mais politicamente correto, muita gente que se enquadra nesse perfil não veria a
seriedade da situação! Da mesma forma, como as pessoas admitem claramente que
têm problemas como falta de atenção e preguiça mental, elas se reconheceriam na
situação, mas dariam de ombros sem perceber que o negócio é sério mesmo e isso só
acontece quando há algum tipo de impacto. A palavra "burro" fornece esse impacto.
A pessoa diz: "Ah, eu sou mesmo desatenta", dá uma risadinha e dá de ombros, como
se não fosse nada de mais, mas ao reconhecer "Eu sou burro", a reação é outra. Um
alarme começa a disparar por dentro, a reação é mais como "Meu Deus, eu sou burro
mesmo!". A pessoa reconhece, alarmada, surpresa, revoltada, triste e frustrada, que a
raiz de seus problemas é a má utilização de sua própria inteligência, popularmente
chamada de "burrice", e aí sim, ela vê que o problema é sério e que precisa fazer
alguma coisa urgente para mudar. É por isso, então, que eu uso esse termo mesmo e
não outro mais bonitinho e menos agressivo!
Fran Christy - Excellence Studio Brasil
http://www.excellencestudio.com.br
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